Apego materno, ajustamento conjugal e depressão no diagnóstico de malformação congênita : estudo caso-controle

Abstract

Durante uma gestação típica é verificada a construção do vínculo com o bebê e iniciada a transição para parentalidade. Quando são constatadas malformações fetais, isto pode representar um ataque à integridade psíquica dos membros do casal e provocar sentimentos de perda e inadequação, bem como repercutir sobre a relação conjugal. Este estudo investigou o vínculo materno-fetal, a percepção de ajustamento conjugal e sintomas de depressão durante o acompanhamento pré-natal em gestantes cujo bebê recebeu ou não um diagnóstico de malformação fetal. Trata-se de um estudo caso controle, cujo grupo de casos e controles foram compostos por 44 gestantes cada um. A amostra foi recrutada no ambulatório de gestações de alto risco do Hospital de Clínicas de Porto Alegre entre 2019 e 2022. Foram aplicados um questionário de dados sociodemográficos, a Escala Revisada de Ajustamento Diádico – R-DAS, o Inventário de Depressão de Beck (Segunda Edição) e a Escala de Vínculo Materno Pré-Natal. Análises estatísticas demonstraram ausência de diferenças significativas entre os grupos quanto ao ajustamento conjugal, apego materno-fetal e sintomas depressivos. Porém, gestantes do grupo caso que tinham idade gestacional mais avançada apresentaram sintomas depressivos mais leves. Foi possível verificar como o acompanhamento à saúde mental dessas mulheres é fundamental para proporcionar informação e acolhimento e auxiliar na adaptação à condição do bebê.

During a typical pregnancy, the construction of the bond with the baby is verified and the transition to parenthood begins. When fetal malformations are found, this can represent an attack on the psychic integrity of the couple's members and cause feelings of loss and inadequacy, as well as having repercussions on the marital relationship. This study investigated the maternal-fetal bond, the perception of marital adjustment and symptoms of depression during prenatal care in pregnant women whose baby received or did not receive a diagnosis of fetal malformation. This is a case-control study, whose group of cases and controls were composed of 44 pregnant women each. The sample was recruited at the outpatient clinic for high-risk pregnancies at Hospital de Clínicas de Porto Alegre between 2019 and 2022. A questionnaire of sociodemographic data, the Revised Dyadic Adjustment Scale - R-DAS, the Beck Depression Inventory (BDI-II) and the Prenatal Maternal Attachment Scale were applied. Statistical analyzes showed no significant differences between the groups regarding marital adjustment, maternal-fetal attachment and depressive symptoms. However, pregnant women in the case group who had more advanced gestational age had milder depressive symptoms. It was possible to verify how monitoring the mental health of these women is essential to provide information and reception and help in adapting to the baby's condition.