Parasitismo por Eucoleus contortus em perdiz da califórnia (Callipepla californica) : doença e controle

Abstract

Eucoleus contortus, ou Capillaria contorta, é um pequeno nematódeo filiforme que afeta o trato digestivo de várias espécies de aves, mas especial e severamente vários Galiformes e tucanos Ramphastos sp. mantidos em cativeiro. Após a introdução de uma perdiz da Califórnia (Callipepla californica), severamente, parasitada, Eucoleus contortus se tornou um problema grave de saúde da colônia e de difícil controle. Mesmo após haverem sido, previamente, tratadas com anti-helmínticos (40 mg/kg fenbendazole VO, durante 3 dias [repetido em 50 dias] e 45 mg/kg selamectina pour on), quatro de nove perdizes adquiridas foram afetadas e morreram em consequência do parasitismo por Eucoleus contortus. Os sinais clínicos incluíram frequentes movimentos de deglutição, secreção oral mucosa, arqueamento e alongamento do pescoço, diarreia esbranquiçada, inglúvio aumentado de volume, desnutrição, prostração e morte. Paredes do inglúvio espessadas e enrugadas, em associação com grandes quantidades de parasitas, profundamente, infiltrados no epitélio escamoso estratificado, hiperplasia mucosa e infiltrado inflamatório difusos foram os principais achados patológicos. A manutenção das perdizes que sobreviveram em recintos aéreos (durante o período não reprodutivo: março a agosto), em associação com dosificações estratégicas com antihelmínticos (30-40 mg/kg VO levamisole, 3 dias; repetido em 30 dias) e aplicação de técnicas de manejo aos recintos com piso de terra (vazio sanitário, troca e calagem das camas) determinaram o final das mortes no plantel e propiciaram a reprodução e o aumento da colônia de perdizes. O estudo inclui os achados clínicos, terapêuticos e patológicos observados em um plantel de perdizes afetado pelo parasitismo por Eucoleus contortus. Esse relato alerta veterinários e mantenedores de aves para a severidade da condição em aves silvestres cativas manejadas em recintos com piso de terra.

After the introduction of a severely infected California Valley quail (Callipepla californica) into a southern Brazilian aviary, Eucoleus contortus became a severe problem that was difficult to control. Even after being previously treated with antihelmintics (40 mg/kg fenbendazole VO for 3 days [twice, 50 days apart] and 45 mg/kg selamectin pour on), four out of nine recently acquired Valley quail were affected and died due to the complications from E. contortus infestation. Clinical signs included oral mucous secretion, frequent swallowing, neck arching and stretching, whitish diarrhea, enlarged crop, wasting, prostration, and death. Main pathological findings included thickened and wrinkled crop walls associated with large amounts of parasites deeply embedded in the stratified squamous epithelium, diffuse mucosa hyperplasia and inflammatory infiltration. Keeping the surviving quail in a wire-mesh floored aviary (outside the breeding season: March to August) in association with strategic antihelmintic dosing (30-40 mg/kg VO levamisole daily, 3 days [twice, 30 days apart]) and applying aviary management practices (temporary depopulation and bedding exchange and liming) have stopped additional deaths and enabled the quail flock growth. This study includes the clinical, therapeutic and pathological findings observed in an affected flock of birds. This report should alert veterinarians and bird keepers to the severity of Eucoleus contortus parasitism in captive-wild birds maintained in aviaries with earth flooring.