Educação infantil, currículo e recontextualização da bncc no contexto do referencial curricular de Canoas – RS

Abstract

O presente trabalho, a partir das contribuições campo de Estudos de Currículo, bem como da Pedagogia da Infância, tem como objetivo discutir o processo de recontextualização curricular realizado no Referencial Curricular de Canoas – RCC (CANOAS, 2019), a partir da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017). O corpus analítico é composto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNEI (BRASIL, 2019), Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017) e Referencial Curricular de Canoas – RCC (CANOAS, 2019). Metodologicamente, a partir da análise do conteúdo proposta por Bardin (2011), é realizada uma análise do conteúdo dos documentos curriculares, evidenciando o processo de recontextualização presente no Referencial Curricular de Canoas (CANOAS, 2019). Nesse sentido, são seguidas as três sequências analíticas propostas por Bardin (2011): 1) pré-análise dos documentos; 2) exploração dos materiais; 3) tratamento das informações, inferência e interpretação. A partir das análises realizadas, são evidenciadas as recorrências e as singularidades a respeito da concepção de currículo, de criança e de docência nos documentos curriculares analisados, bem como o processo de recontextualização presente no RCC (CANOAS, 2019) da cidade de Canoas. Nesse contexto, é possível constatar que o RCC (CANOAS, 2019) reitera concepções muito semelhantes às que estão presentes na BNCC (BRASIL, 2017), sem destacar as peculiaridades da cidade. Em razão disso, é problematizada a real finalidade do Referencial Curricular de Canoas (CANOAS, 2019), uma vez que tal documento apenas reitera os enunciados da Base no que tange à Educação Infantil, sem efetivamente evidenciar as demandas, expectativas e peculiaridades da cidade em termos de projeto educativo para as crianças. Ademais, a partir das análises, é realizada uma discussão sobre o conteúdo da BNCC (BRASIL, 2017) destinado à primeira etapa da Educação Básica, de modo a mostrar que as suas proposições e a forma como está organizada pode levar a interpretações equivocadas, bem como a modos de avaliação das crianças, pautados em uma listagem de objetivos de desenvolvimento e aprendizagem. Nessa perspectiva, o trabalho aponta que a recontextualização curricular não deve apenas se adaptar a uma política curricular, mas, sim, precisa ser transformada de acordo com uma determinada realidade, trazendo princípios históricos, sociais e culturais que de fato possam contribuir com a reflexão sobre os modos de educar as crianças no tempo presente.