Representações da pobreza: uma análise da série Rico vs Pobre do canal "Isaac do VINE" no YouTube
Visualizar/abrir
Data
2020Autor
Orientador
Nível acadêmico
Graduação
Resumo
Este trabalho se propõe a compreender os sentidos construídos sobre a pobreza nos vídeos da série Rico vs Pobre, do canal infantil Isaac do VINE, que possui mais de 7 milhões de inscritos no YouTube. As teorias de representações de Hall (2016), Goffman (1985) e Moscovici (2003), aliadas à teoria de classes de base bourdieusiana de Jessé Souza (2003, 2006, 2009, 2012), formam o referencial teórico utilizado para compreender as relações entre classe e cultura. Estudos sobre infância e sua relação ...
Este trabalho se propõe a compreender os sentidos construídos sobre a pobreza nos vídeos da série Rico vs Pobre, do canal infantil Isaac do VINE, que possui mais de 7 milhões de inscritos no YouTube. As teorias de representações de Hall (2016), Goffman (1985) e Moscovici (2003), aliadas à teoria de classes de base bourdieusiana de Jessé Souza (2003, 2006, 2009, 2012), formam o referencial teórico utilizado para compreender as relações entre classe e cultura. Estudos sobre infância e sua relação com a mídia (POSTMAN, 1999; BUCKINGHAM, 2007) também são mobilizados a fim de situar o sujeito-criança que enuncia os discursos sob análise. A série de vídeos completa, composta por 19 episódios, foi examinada utilizando-se a metodologia de Análise de Discurso de linha francesa. Foram identificadas 103 sequências discursivas que, utilizando elementos distintivos de viés socioeconômico, criam, sobre a pobreza, os sentidos de 1) posse de itens de baixo custo, 2) escassez de propriedades, 3) dependência de outras pessoas ou de fatores externos, e 4) execução de gambiarras para solucionar problemas; e, utilizando elementos distintivos de viés cultural, criam, sobre a pobreza, os sentidos de 1) voracidade; 2) displicência em relação ao estudo; 3) desleixo na higiene e provocação de asco; 4) extravasamento de emoções e fácil irritabilidade; 5) brutalidade nas relações; 6) consumo de cultura de massa; 7) extravagância; 8) religiosidade; e 9) má sorte. O resultado da análise demonstrou que, embora a série, quando considerada como um todo, não faça uma estereotipagem dos indivíduos em situação de pobreza, ela concebe uma classificação valorativamente negativa da pessoa pobre — em especial daquelas que pertencem à chamada “ralé brasileira” (SOUZA, 2009) —, que é reforçada pelo enaltecimento da lógica meritocrática. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo.
Coleções
-
TCC Comunicação Social (1829)
Este item está licenciado na Creative Commons License