Disturbio alimentar pediátrico em prematuros extremos e seu impacto nos desfechos clínicos e do neurodesenvolvimento : estudo caso-controle distúrbio alimentar pediátrico em prematuros extremos

Abstract

Introdução: O nascimento prematuro desafia o neurodesenvolvimento (ND) de forma global e, diante dessa multifatorialidade, a alimentação tem sido descrita como um processo desse desafio. A aquisição de habilidades alimentares é uma importante área neurofuncional, fundamental para assegurar a sobrevivência e promover adequadamente o crescimento e o desenvolvimento, entretanto ela não é definida nas avaliações tradicionais de ND. Sendo, portanto, um distúrbio subdiagnosticado no que tange sua relação com o desenvolvimento infantil. Objetivo: Identificar o impacto do distúrbio alimentar pediátrico (DAP) crônico, detectado na fase de aquisição das habilidades de alimentação de recém-nascidos muito prematuros, no ND. Métodos: Estudo retrospectivo de caso-controle pareado, aninhado em uma coorte. Foram incluídos 167 recém-nascidos prematuros com idade gestacional (IG) <32 semanas, classificados com DAP aos 3 meses, sendo 124 (74,3%) agudos e 43 (25,7%) crônicos. Realizaram avaliação do ND pela escala Bayley III no período de 12 a 36 meses de IG corrigida. Os grupos foram pareados por gênero e por IG, totalizando 35 crianças em cada grupo. Modelos de regressão multivariada foram usados para estimar a associação entre as características do ND, DAP crônico e variáveis confundidoras. Resultados: Prematuros com histórico de DAP crônico nos primeiros 3 meses de vida apresentam resultados inferiores no desenvolvimento motor, cognitivo e de linguagem, em comparação com prematuros identificados com DAP agudo. A displasia broncopulmonar (DBP) também está associada ao DAP crônico como fator de risco para atraso no ND. Conclusão: DAP crônico é um preditor precoce significativo de atraso no ND, de tal forma que retirando o efeito do grau de imaturidade, mantém sua significância. Justamente porque ele enseja um pacote de morbidades, incluindo DPB, que levam a essa ocorrência de forma tão precoce quanto aos 3 meses de idade.

Introduction: Preterm birth challenges neurodevelopment (ND) globally, given this multifactorial nature, feeding has been described as a process of this challenge. The acquisition of eating skills is an important neurofunctional area, fundamental to ensure survival and adequately promote growth and development, however it is not defined in traditional ND assessments. Therefore, it is an underdiagnosed disorder regarding its relationship with child development. Objective: To identify the impact of chronic Pediatric Feeding Disorder (PFD) in the ND of premature newborns detected during the acquisition of feeding abilities. Methods: Retrospective case-control study, nested in a cohort. We included 167 premature newborns with gestational age <32 weeks, classified with PFD at 3 months, 124 (74.3%) acute and 43 (25.7%) chronic. ND was assessed using the Bayley III scale in the period from 12 to 36 months of corrected gestational age. The groups were matched by gender and GA with 35 infants in each group. Multivariate regression models were used to estimate the association between ND characteristics, chronic PFD and confounding variables. Results: Preterm infants with a history of chronic DAP in the first 3 months of life presented lower results in motor, cognitive and language development, compared to preterm infants identified with acute PFD. Broncopulmonary dysplasia (BPD) is also associated with chronic PFD as a risk factor for ND delay. Conclusion: chronic PFD is a significant early predictor of delay in ND, so that removing the effect of the degree of immaturity, this association was maintained its significance. Precisely because chronic PFD identified as early as 3 months corrected age leads to a package of morbidities, including BPD.