Práticas alimentares associadas à presença de sintomas e gravidade da doença em pacientes com doença inflamatória intestinal

Abstract

Introdução: A Doença Inflamatória Intestinal (DII) é caracterizada por inflamação crônica do trato gastrointestinal (TGI) e inclui, principalmente, a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU). O objetivo do estudo foi avaliar as práticas alimentares desses pacientes e associar com os sintomas e atividade da DII. Métodos: Estudo transversal com pacientes adultos atendidos em ambulatório de um hospital público terciário. O consumo alimentar e a presença de sintomas foram avaliados por entrevista telefônica. A atividade da doença foi avaliada através do Índice de Harvey-Bradshaw (IHB) para DC e do Índice de Lichtiger (IL) para RCU. Regressão de Poisson com estimador robusto para variâncias foi utilizada para estimar razões de prevalências. As análises foram realizadas no software SPSS - Statistical Package for the Social Sciences. Resultados: Foram incluídos no estudo 145 pacientes. Do total de participantes, 69,7% evitavam determinados alimentos, sendo as frutas cítricas e vegetais crus entre os mais evitados (16,8% e 13,8%, respectivamente). O consumo regular de frutas (RP = 0,56; IC 95% 0,32 – 0,97; p= 0,042) e vegetais (RP = 0,56; IC 95% 0,32 – 0,98; p= 0,045) estiveram associados a uma prevalência 44% menor da fase ativa da doença, em comparação aos que não consomem esses alimentos. Conclusão: A ingestão de frutas e vegetais parece proteger a recidiva da DII. A exclusão de alimentos é prática comum entre esses pacientes. O receio de ter uma recaída ou exacerbação de sintomas podem contribuir para essa prática alimentar, reforçando a importância do cuidado nutricional e da educação alimentar.

Background: Inflammatory Bowel Disease (IBD) is characterized by chronic inflammation of the gastrointestinal tract (GI tract) and includes, predominantly, Crohn's disease (CD) and ulcerative colitis (UC). The objective of the study was to evaluate the eating practices of these patients and associate them with IBD symptoms and activity. Methods: Cross-sectional study with adult patients seen at an outpatient clinic in a tertiary public hospital. Food consumption and the presence of symptoms were assessed by telephone interview. Disease activity was assessed using the Harvey-Bradshaw Index (IHB) for CD and the Lichtiger Index (LI) for UC. Poisson regression with a robust variance estimator was used to estimate prevalence ratios. Analyzes were performed using SPSS - Statistical Package for the Social Sciences. Results: A total of 145 patients were included in the study. Of the total number of participants, 69.7% avoided certain foods, with citrus fruits and raw vegetables among the most avoided (16.8% and 13.8%, respectively). Regular consumption of fruits (PR = 0.56; CI 95% 0.32 – 0.97; p= 0.042) and vegetables (PR = 0.56; CI 95% 0.32 – 0.98; p= 0.045) was associated with a 44% lower prevalence of the active phase of the disease, compared to those who do not consume these foods. Conclusions: Intake of fruits and vegetables seems to have a protective role in the recurrence of IBD. Excluding food is a common practice among these patients. The fear of having a new crisis or exacerbation of symptoms can contribute to this eating practice, reinforcing the importance of food education.