Relação entre densitometria por absorção de raios-x de dupla energia, ultrassonografia e antropometria na estimativa da massa muscular e da qualidade muscular em idosos

Abstract

A sarcopenia (i. e. redução da massa muscular) não explica completamente a redução da capacidade funcional durante o processo de envelhecimento. Adicionalmente, somente a dinapenia (i. e. redução da potência e da força muscular) também não. Assim, a qualidade muscular (i. e. desempenho muscular relativo ao tecido muscular; QM) mostra-se um melhor parâmetro relacionado à redução da capacidade funcional durante o processo de envelhecimento. No entanto, pouco é conhecido sobre a relação entre diferentes métodos para a estimativa da QM, especialmente quando utilizados métodos alternativos, de menor custo financeiro e operacional. Objetivos: Verificar a relação entre a) os indicadores de massa muscular avaliados pela densitometria por absorção de raios-x de dupla energia (DXA), ultrassonografia (US) e antropometria (AN); b) estes indicadores com a capacidade funcional; c) a QM estimada através destes métodos e d) a QM estimada através destes métodos com a capacidade funcional em idosos. Métodos: 34 indivíduos idosos (9 homens e 25 mulheres; 66,3 ± 4,6 anos) participaram do presente estudo. O desempenho muscular foi avaliado através do pico de torque isométrico dos músculos extensores do joelho direito em dinamômetro isocinético. Os indicadores de massa muscular da coxa direita foram avaliados pela massa magra (kg; DXA), espessura muscular (mm; US) e perímetro corrigido pela dobra cutânea (cm; AN). A QM foi estimada utilizando o pico de torque dividido pelos indicadores de massa muscular avaliados pela DXA, US e AN. A capacidade funcional foi avaliada através dos testes timed up and go (TUG) e sentar e levantar Resultados: Fortes e significativas correlações entre o perímetro corrigido por dobra cutânea com a massa magra avaliada pela DXA e espessura muscular mensurada pela US foram observadas (r=0,74; p<0,01 e r=0,79; p<0,01, respectivamente). Em contrapartida, nenhuma correlação significativa foi observada entre os indicadores de massa muscular avaliados pelos três métodos com a capacidade funcional. Adicionalmente, fortes e significativas correlações entre a QM estimada via AN com a QM via DXA (r=0,88; p<0,01) e via US (r=0,72; p<0,01) foram observadas. O desempenho no TUG apresentou significativa correlação com a QM via AN (r=- 0,41; p<0,05) e com a QM via DXA (r=-0,47; p<0,01). Porém, somente a QM via DXA apresentou significativa correlação com o teste de sentar e levantar (r=0,35; p<0,05).

Sarcopenia (i. e. muscle mass decrease) does not fully explain the functional capacity decrease during the aging process. Additionally, only dynapenia (i. e. muscle power and strength decrease) does not either. Thus, muscle quality (i. e. muscle performance relativized by muscle tissue; QM) is a parameter that is better related to the functional capacity reduction during the aging process. However, little is known about the relationship between different methods for estimating MQ, especially when alternative methods are used, with lower financial and operational cost. Objectives: To verify the relationship between a) muscle mass indicators assessed by dual-energy x-ray absorption densitometry (DXA), ultrasonography (US) and anthropometry (AN); b) these indicators with functional capacity; c) the MQ estimated using these methods and d) the MQ estimated using these methods with the functional capacity in the older individuals. Methods: 34 older individuals (9 men and 25 women; 66.3 ± 4.6 years) participated in the present study. Muscle performance was assessed through the isometric peak torque of the extensor muscles of the right knee in an isokinetic dynamometer. Right thigh muscle mass indicators were assessed by lean mass (kg; DXA), muscle thickness (mm; US) and perimeter corrected by skinfold (cm; AN). The MQ was estimated using the peak torque divided by the muscle mass indicators assessed by DXA, US and AN. Functional capacity was assessed using the timed up and go (TUG) and sit-to-stand tests. Results: Strong and significant correlations between corrected perimeter by skinfold (AN) with lean mass assessed by DXA and muscle thickness measured by US were observed (r=0.74; p<0.01 and r=0.79; p<0.01, respectively). On the other hand, no significant correlation was observed between the muscle mass indicators assessed by the three methods with functional capacity. Additionally, strong and significant correlations between the MQ estimated via AN with the MQ via DXA (r=0.88; p<0.01) and via US (r=0.72; p<0.01) were observed. The performance in the TUG showed a significant correlation with the MQ via AN (r=-0.41; p<0.05) and with the MQ via DXA (r=-0.47; p<0.01). Only the MQ via DXA showed a significant correlation with the sit-to-stand test (r=0.35; p<0.05). Conclusion: Both methods can be used to estimate muscle mass and MQ in the older people. However, DXA is the most effective and most accurate method among the three methods for this purpose. There was no correlation between muscle mass estimated by the different methods (i.e., DXA, US and AN) with functional capacity, suggesting that muscle mass is not an explanatory factor for functional performance.