Condição de saúde e práticas de cuidado durante o pré-natal : autopercepção de mulheres grávidas

Abstract

Este estudo de abordagem qualitativa fenomenológica analisou a autopercepção de mulheres grávidas sobre sua condição de saúde e sobre as práticas de cuidado pela equipe de Atenção Primária à Saúde (APS) durante o pré-natal. Entrevistas individuais semiestruturadas, gravadas e transcritas, foram realizadas com gestantes usuárias da APS em uma Unidade de Saúde (US) de município litorâneo de pequeno porte do Sul do Brasil (n=7). O material textual foi organizado no software Visual Qualitative Data Analysis (ATLAS.ti) e interpretado pela análise de conteúdo. Os resultados mostraram que, na percepção das gestantes, ter saúde envolve a ausência de doenças, mas também o sentir-se bem, cuidar de si e do corpo, se alimentar bem, fazer vacinas, não sentir dor, ter uma vida tranquila, trabalho, casa e comida. Alterações ocorridas no corpo grávido afetaram estas mulheres de modos distintos – sentimentos positivos, de conformismo/naturalidade e de insatisfação com a condição corporal. A satisfação com o cuidado durante o pré-natal foi associada à postura acolhedora da equipe de saúde. Situações de interação das gestantes com diferentes profissionais da equipe de APS foram observadas. Dificuldades na comunicação identificadas em determinados profissionais da equipe e a fragilidade na privacidade nas consultas em uma US pequena, foram aspectos que geraram sentimentos de insatisfação nas gestantes. As gestantes reconheceram o pré-natal como um dispositivo de cuidado essencial para prevenção e tratamento de doenças e atenção à saúde do bebê. A relação do pré-natal com ações de educação-promoção da saúde não foi identificada neste estudo. Pesquisas complementares são recomendadas, agregando a percepção das famílias e profissionais da APS que atuam no cuidado às gestantes.

This qualitative phenomenological study analyzed the self-perception of pregnant women about their health condition and about care practices by the Primary Health Care (PHC) team during prenatal care. Individual semi-structured interviews, recorded and transcribed, were carried out with pregnant PHC users in a Health Unit (HU) in a small coastal city in southern Brazil (n=7). The textual material was organized using the Visual Qualitative Data Analysis software (ATLAS.ti) and interpreted using content analysis. The results showed that, in the perception of pregnant women, being healthy involves the absence of diseases, but also feeling good, taking care of yourself and your body, eating well, having vaccines, not feeling pain, having a peaceful life, working, house and food. Changes that occurred in the pregnant body affected these women in different ways – positive feelings, conformism/naturalness and dissatisfaction with their body condition. Satisfaction with prenatal care was associated with the welcoming attitude of the health team. Interaction situations between pregnant women and different professionals from the PHC team were observed. Difficulties in communication identified in certain professionals of the team and the fragility of privacy in consultations in a small HU were aspects that generated feelings of dissatisfaction in the pregnant women. Pregnant women recognized prenatal care as an essential care device for the prevention and treatment of diseases and care for the baby's health. The relationship between prenatal care and health education-promotion actions was not identified in this study. Complementary research is recommended, adding the perception of families and PHC professionals who work in the care of pregnant women.