Obesidade como fator de risco para perda dentária ao longo de 5 anos : estudo longitudinal de base populacional

Abstract

Objetivo: avaliar a obesidade como fator de risco para perda dentária acima de 5 anos em uma amostra urbana brasileira de adultos. Métodos: No início do estudo, 1586 indivíduos foram pesquisados usando uma abordagem de amostragem probabilística em vários estágios. No seguimento, 635 indivíduos de 14 a 64 anos foram reexaminados e analisados. Foi definido um resultado binário para perda dentária, no qual foi determinado um caso de incidente para um participante que havia perdido pelo menos um dente no período de acompanhamento. A obesidade foi avaliada calculando-se o índice de massa corporal (IMC) no início do estudo e pela mudança no estado obeso ao longo dos 5 anos. Resultados: A frequência de casos incidentes de perda dentária foi significativamente maior entre os obesos (47,1%) do que os indivíduos normais (32,4%) (p = 0,004). Indivíduos que permaneceram obesos tiveram perda dentária significativamente maior do que aqueles que permaneceram com peso normal ao longo dos 5 anos (incidência: 44,6% vs. 32,2%). Indivíduos obesos apresentaram risco 31% maior [risco relativo (RR) = 1,31, intervalo de confiança de 95% (IC 95%) 1,04-1,65] para perda dentária do que indivíduos com peso normal ajustando a idade, status socioeconômico, exposição ao tabagismo, atendimento odontológico acima de 5 anos e periodontite na linha de base. Essa associação foi significativa para as mulheres (RR = 1,47, IC 95% 1,08-2,01), mas não para os homens. Houve risco 49% maior (IC95% 1,10-2,01) para perda dentária em indivíduos obesos do que indivíduos com peso normal para aqueles com periodontite no início do estudo. A associação foi significativa entre os que nunca fumaram, mas não entre os que nunca fumaram. Houve um risco aumentado de perda dentária naqueles que permaneceram obesos do que aqueles que permaneceram com peso normal entre as mulheres e com periodontite no início do estudo Conclusão: A obesidade está associada a maior risco de perda dentária. Essa associação foi modificada por sexo, status periodontal e tabagismo.

Aim: to assess obesity as a risk factor for tooth loss over 5 years in an urban Brazilian sample of adults. Methods: At baseline, 1586 individuals were surveyed using a multistage probabilistic sampling approach. At follow-up, 635 individuals 14-64 years old were re-examined and analyzed. A binary outcome for tooth loss was defined, in which an incident case was determined for a participant that had lost at least one tooth over the follow-up period. Obesity was evaluated by calculating the body mass index (BMI) at baseline and by the change in obese status over the 5 years. Results: Frequency of incident cases of tooth loss was significantly higher among obese (47.1%) than normal individuals (32.4%) (p=0.004). Individuals that remained obese had significantly higher tooth loss than those that remained normal weight over the 5 years (incidence:44.6% vs. 32.2%). Obese individuals had 31% higher risk [relative risk (RR) = 1.31, 95% confidence interval (95%CI) 1.04-1.65] for tooth loss than normal weight individuals adjusting for age, socioeconomic status, smoking exposure, dental care over 5 years and periodontitis at baseline. This association was significant for females (RR=1.47, 95%CI 1.08-2.01), but not for males. There was 49% higher risk (95%CI 1.10-2.01) for tooth loss in obese than normal weight individuals for those with periodontitis at baseline. The association was significant among ever smokers, but not among never-smokers. There was an increased risk for tooth loss for those that remained obese than those that remained normal weight among females and with periodontitis at baseline Conclusion: Obesity is associated with higher risk for tooth loss. This association was modified by sex, periodontal status and smoking.