Análise comparativa clínica e de custo-efetividade incremental dos tratamentos para doença inflamatória pélvica em um hospital do sul do Brasil

Abstract

Contexto : A doença inflamatória pélvica é uma preocupação significativa de saúde com taxas de incidência variáveis globalmente. O tratamento da doença inflamatória pélvica, especialmente quando complicada por um abscesso tubo-ovariano, requer consideração cuidadosa tanto da eficácia clínica quanto do custo. Este estudo tem como objetivo avaliar a relação custo-efetividade incremental de diferentes tratamentos para a doença inflamatória pélvica em um hospital universitário brasileiro. Objetivos : (1) Avaliar a precisão diagnóstica de marcadores inflamatórios como proteína C-reativa, contagem de leucócitos e a razão neutrófilo-linfócito para abscesso tubo-ovariano, e (2) avaliar a relação custo-efetividade de diferentes regimes de tratamento para a doença inflamatória pélvica, com e sem abscesso tubo-ovariano. Desenho do Estudo : Um estudo de coorte retrospectivo foi conduzido no Hospital de Clínicas de Porto Alegre de 1º de janeiro de 2003 a 30 de dezembro de 2021. O estudo incluiu mulheres com idades entre 13 e 80 anos diagnosticadas com doença inflamatória pélvica. A análise focou na razão custo-efetividade incremental de diferentes regimes de tratamento. Resultados : A proteína C-reativa, a contagem de leucócitos e a razão neutrófilo-linfócito foram identificados como marcadores estatisticamente significativos para o diagnóstico de abscesso tubo-ovariano. Dos 907 casos de doença inflamatória pélvica, 705 alcançaram cura clínica com o tratamento inicial. O tratamento mais custo-efetivo para doença inflamatória pélvica leve sem abscesso tubo-ovariano foi a combinação de ceftriaxona com azitromicina, considerada menos custosa e mais eficaz na análise de custo-efetividade. Para doença inflamatória pélvica grave com abscesso tubo-ovariano, a combinação de ampicilina com gentamicina e clindamicina foi mais custo-efetiva em comparação com ampicilina com sulbactam mais doxiciclina, dado um limite de disposição a pagar de $213,57 para um aumento de 4,2% na taxa de cura. Conclusão : Os achados do estudo apoiam o uso de proteína C-reativa, contagem de leucócitos e razão neutrófilo-linfócito como ferramentas diagnósticas para abscesso tubo-ovariano. A combinação de ceftriaxona com azitromicina é recomendada como tratamento de primeira linha para doença inflamatória pélvica leve no Hospital de Clínicas de Porto Alegre devido à sua custo-efetividade. Para casos de abscesso tubo-ovariano, a combinação de ampicilina com gentamicina e clindamicina é uma opção custo-efetiva se a disposição do sistema de saúde para pagar exceder $213,57 para cada aumento percentual na taxa de cura, contribuindo com insights valiosos para estratégias de tratamento da doença inflamatória pélvica do ponto de vista do hospital.

Background : Pelvic inflammatory disease is a significant health concern with varying incidence rates globally. The treatment of pelvic inflammatory disease, particularly when complicated by a tubo-ovarian abscess, requires careful consideration of both clinical effectiveness and cost. This study aims to evaluate the incremental cost-effectiveness of different pelvic inflammatory disease treatments in a Brazilian university teaching hospital. Objectives : (1) To evaluate the diagnostic accuracy of inflammatory markers such as C-reactive protein, leukocyte count, and neutrophil-to-lymphocyte ratio for tubo-ovarian abscess, and (2) to assess the cost-effectiveness of different treatment regimens for pelvic inflammatory disease, with and without tubo-ovarian abscess. Study Design : A retrospective cohort study was conducted at Hospital de Clínicas de Porto Alegre from January 1, 2003, to December 30, 2021. The study included women aged 13-80 years diagnosed with pelvic inflammatory disease. The analysis focused on the incremental cost-effectiveness ratio of different treatment regimens. Results : C-reactive protein, leukocyte count, and neutrophil-to-lymphocyte ratio were found to be statistically significant markers for diagnosing tubo-ovarian abscess. Out of 907 PID cases, 705 achieved clinical cure with initial treatment. The most cost-effective treatment for mild pelvic inflammatory disease without tubo-ovarian abscess was ceftriaxone combined with azithromycin, which was considered less costly and more effective in the cost-effectiveness analysis. For severe pelvic inflammatory disease with tubo-ovarian abscess, ampicillin combined with gentamicin and clindamycin was more cost-effective compared to ampicillin with sulbactam plus doxycycline, given a willingness to pay threshold of $213.57 for a 4.2% increase in cure rate. Conclusion : The study's findings support the use of C-reactive protein, leukocyte count, and neutrophil-to-lymphocyte ratio as diagnostic tools for tubo-ovarian abscess. Ceftriaxone combined with azithromycin is recommended as the first-line treatment for mild pelvic inflammatory disease at Hospital de Clínicas de Porto Alegre due to its cost-effectiveness. For tubo-ovarian abscess cases, ampicillin combined with gentamicin and clindamycin is a cost-effective option if the healthcare system's willingness to pay exceeds $213.57 for each percentage increase in cure rate, contributing valuable insights for pelvic inflammatory disease treatment strategies from a hospital's perspective.