Efeitos da carga de treinamento de um programa de reabilitação cardíaca no índice de reabilitação locomotor

Abstract

O consumo de oxigênio de pico (VO2pico) é um indicador prognóstico importante na insuficiência cardíaca (IC), relacionado à mortalidade, sobrevida e qualidade de vida. A avaliação do VO2pico requer testes especializados de alto custo, como o teste cardiopulmonar de exercício (TCPE), nem sempre acessíveis. Variáveis substitutas, como a velocidade autosselecionada (VAS), têm mostrado boa correlação com o VO2pico. Além disso, a IC está associada a alterações neuromusculares, como a redução da força de membros inferiores (FMI), impactando a marcha e o desempenho físico, sendo o TSL- 5reps um bom indicador dessas alterações. A reabilitação cardíaca (RC) é recomendada para melhorar a capacidade funcional, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida, mas a adesão aos programas no Brasil enfrenta desafios, especialmente fora das grandes cidades. Estudos indicam que a RC pode melhorar a VAS, o índice de reabilitação locomotor (IRL) e outros parâmetros, mas os efeitos da carga de treinamento (CT) ainda são pouco compreendidos. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de um programa de RC (PRC) sobre o IRL, VAS, TSL-5reps e variáveis do TCPE, com foco na influência da CT e características do programa. Durante o estudo, 72 pacientes foram avaliados para verificação de elegibilidade, com 26 completando o programa, sendo 50% homens e 50% mulheres, com 46,2% de IC isquêmica e 53,8% não isquêmica. As variáveis principais, como IRL, VAS, TSL-5reps, VO2pico e VEmax, mostraram diferenças significativas entre o baseline e follow-up. A CT personalizada foi importante para a melhora do IRL, especialmente em quem aumentou a carga de exercício. O estudo demonstrou que um programa de RC de 16 semanas, com carga individualizada, levou a melhorias em variáveis clínicas e funcionais. A variação na CT aeróbico foi associada ao aumento do IRL, enquanto a VAS foi um preditor chave para a melhoria do VO2pico. Esses achados sugerem que ajustes individuais na CT podem melhorar a capacidade funcional e a eficiência metabólica em pacientes com IC.

Background: Cardiac rehabilitation (CR) is a consolidated strategy to improve functional capacity and quality of life in patients with heart failure (HF). Along with cardiopulmonary impairments, neuromuscular limitations may reduce self-selected walking speed (SSWS) and lower limb strength (LLS). The locomotor rehabilitation index (LRI) reflects the difference between optimal walking speed (OWS) and SSWS. The impact of cardiac rehabilitation (CR) on the LRI in these patients remains unclear. Objective: To investigate the effects of a 16-week combined training (CT) program on LRI, SSWS, 5-repetition sit-to-stand test (STS-5reps), and cardiopulmonary exercise test (CPET) variables in HF patients. Additionally, we aimed to identify predictors of LRI and VO2peak improvement. Methods: This was a pragmatic, longitudinal, observational study with a single group design. Participants with ischemic and non- ischemic HF from the Hospital de Clínicas de Porto Alegre were enrolled. Inclusion criteria included patients aged over 18 years with stable HF for at least 6 months. Participants completed 16 weeks of CT, with two sessions per week. The CT protocol included aerobic training (AT) and strength training (ST). Primary endpoints, including LRI, SSWS, and VO2peak, were assessed before and after the intervention. A univariate and multivariate regression analysis was performed to evaluate the determinants of LRI and VO2peak improvements. Results: A total of 26 patients completed the program, with 50% male and 50% female participants. The sample included 46.2% ischemic and 53.8% non-ischemic HF patients. Significant improvements in LRI, SSWS, and VO2peak were observed post-intervention. The linear regression equation for ΔLRI was “ΔLRI (%) = 1.837 + 0.164 × ΔML-AT + error”, showing a moderate-to-strong correlation (R = 0.66, P = 0.001) and explaining 45% of the variance in LRI (R2 = 0.434). About the ΔVO2peak, the equation was “ΔVO2peak (%) = 0.359 + 2.863. ΔSSWS + error”, with a correlation coefficient of R = 0.43, P = 0.03 (R2 = 0.182). Conclusions: The CR significantly improved the LRI in HF patients. Specifically, an increase in AT load was associated with a higher improvement in LRI. A minimum increase in AT load of 44.83 (intermediate tertile) was necessary to observe a significant change in the LRI. These findings suggest that CR programs incorporating individualized AT and ST can enhance rehabilitation outcomes for HF patients.