Análise comparativa das características morfológicas e biomecânicas da membrana amniótica equina, canina, suína e ovina, com a membrana amniótica humana

Abstract

Introdução: O uso da membrana amniótica (MA) tem se consolidado no tratamento das doenças da superfície ocular, devido a possibilidade de usá-la como xenoenxertos, e a maior facilidade de acesso, a utilização de MA de origem animal vem sendo discutida. No entanto, a literatura ainda carece de informações sobre as características das MA de origem animal. Objetivo: Comparar as características morfológicas, biomecânicas e histológicas das MA das espécies equina, canina, suína e ovina com a MA humana. Metodologia: As placentas foram coletadas após o parto. Posteriormente, realizou-se a separação manual da MA e o córion, e as MAs foram criopreservadas em DMEM e glicerina (1:1) à -80ºC, por 60 dias. Após este período de preservação, avaliou-se a transparência, a espessura, a histologia, a força máxima, e a rigidez das MAs animais e humana. Resultados: As amostras ovinas, suínas e caninas apresentaram transparência máxima, enquanto que as amostras equinas e humanas apresentaram o mesmo grau de transparência (ligeira nebulosidade, que não prejudica a leitura). As amostras suínas e caninas mediram em média 0,054 mm, enquanto que as ovinas mediram 0,017 mm. As amostras equinas e humanas mediram 0,07 mm e 0,068 mm respectivamente. Na análise histológica, as amostras equinas e ovinas foram as mais similares com a humana. As características mecânicas mais relevantes foram a força máxima (força em N exercida até a ruptura da amostra) e a rigidez do componente (gerado através de uma curva de força x deslocamento). As amostras equinas apresentaram a maior força máxima média (5,21 N), seguido das humanas (2,17 N), ovinas (1,35 N), caninas (1,34 N) e suínas (0,52 N). Quanto a rigidez do componente a maior média também foi das amostras equinas (0,91 N/mm), seguido das humanas (0,51 N/mm), ovinas (0,46 N/mm), caninas (0,27 N/mm), e suínas (0,15 N/mm). Conclusão: A MA de origem animal mais semelhante com a humana é a equina, uma vez que ambas apresentam o mesmo grau de transparência, espessura aproximada, comportamento histológico e mecânico similares. As amostras equinas possuem propriedades mecânicas superiores as da MA humana, pois apresentam maior resistência e rigidez.

Introduction: The amniotic membrane (AM) use has been consolidated in the treatment of ocular surface diseases, due to the possibility of using it as xenografts, and the greater ease of access, the use of AM of animal origin has been discussed. However, the literature still lacks information on the characteristics of AM of animal origin. Objective: To compare the morphological, biomechanical and histological characteristics of equine, canine, swine and sheep AM with human AM. Methodology: Placentas were collected after delivery. Subsequently, the manual separation of the AM and the chorion was performed, and the AMs were cryopreserved in DMEM and glycerin (1:1) at -80ºC for 60 days. After this preservation period, the transparency, thickness, histology, maximum strength, and rigidity of the animal and human AMs were evaluated. Results: The sheep, swine and canine samples showed maximum transparency, while the equine and human samples showed the same degree of transparency (slight cloudiness, which does not affect the reading). The swine and canine samples measured an average of 0.054 mm, while the sheep measured 0.017 mm. Equine and human samples measured 0.07 mm and 0.068 mm respectively. In the histological analysis, the equine and ovine samples were the most similar to the human one. The most relevant mechanical characteristics were the maximum force (force in N exerted until the rupture of the sample) and the stiffness of the component (generated through a curve of force x displacement). Equine samples showed the highest mean maximum force (5.21 N), followed by human (2.17 N), sheep (1.35 N), canine (1.34 N) and swine (0.52 N) samples. As for the stiffness of the component, the highest average was also found in equine samples (0.91 N/mm), followed by human samples (0.51 N/mm), sheep (0.46 N/mm), canine samples (0.27 N /mm), and swine (0.15 N/mm). Conclusion: The AM of animal origin most similar to the human one is the equine one, since both have the same degree of transparency, approximate thickness, and similar histological and mechanical behavior. Equine samples have superior mechanical properties than human AM, as it has greater strength and rigidity.