Paciente clínico com sintomas psiquiátricos : percepções sobre o cuidado de enfermagem em hospital geral

Abstract

Após diversos movimentos sociais realizados pela comunidade e profissionais de saúde, foi instituída a Lei n. 10.216, conhecida como lei da Reforma Psiquiátrica, que preconizou a desinstitucionalização dos pacientes com transtornos mentais. Nesse contexto, foi criada em 2012 a Portaria n. 148/GM/MS, de 31 de janeiro, que estabelece a implementação de 15% dos leitos para saúde mental em hospitais gerais. No momento da internação, muitos pacientes apresentam diagnóstico ou sintomas psiquiátricos, e dispõem de situações clínicas que requerem hospitalização. No Brasil, 3% da população apresenta transtornos mentais graves e persistentes, e 6% têm transtornos psiquiátricos graves que são provocados pelo uso de álcool e outras drogas. Assim, o presente estudo objetiva analisar as percepções dos pacientes clínicos com sintomas psiquiátricos sobre o cuidado de enfermagem ofertado em unidades de internação clínica de um hospital geral. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e qualitativo. O estudo foi realizado no Serviço de Enfermagem Clínica (SECLIN) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que possui quatro unidades de internação clínica. Participaram da pesquisa 14 pacientes clínicos com sintomas psiquiátricos. Foi escolhida a técnica de entrevista semiestruturada e os dados foram analisados de acordo com o método de MINAYO, 2014, emergindo em três categorias: cuidado da equipe de enfermagem, dificuldades percebidas no cuidado da equipe de enfermagem e sugestões para qualificar o cuidado de enfermagem. O estudo também teve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o número 5.420.194. Como resultados preliminares, tem-se que os pacientes relataram que o cuidado da equipe de enfermagem é realizado de forma humanizada e integral. Nas dificuldades foram destacadas a falta de qualificação da equipe de enfermagem, a desigualdade no cuidado, o déficit de profissionais e a dificuldade de comunicação entre o paciente e o profissional. Além disso, como sugestão comentou-se a igualdade no atendimento, dimensionamento de pessoal e abordagem sobre a saúde mental na universidade. Deste modo, os resultados desse estudo podem servir aos gestores de unidades de saúde a fim de qualificarem a assistência destinada a essas pessoas que usualmente não são ouvidas e que se encontram vulnerabilizadas na sua esfera clínica e psíquica.

After several social movements carried out by the community and health professionals, Law no. 10.216, known as the Psychiatric Reform Law, was instituted, which advocated the deinstitutionalization of patients with mental disorders. In this context, Ordinance no. 148/GM/MS, of January 31, was created in 2012, establishing the implementation of 15% of mental health beds in general hospitals. At the time of admission, many patients have a diagnosis or psychiatric symptoms, and have clinical situations that require hospitalization. In Brazil, 3% of the population has severe and persistent mental disorders, and 6% have severe psychiatric disorders that are caused by the use of alcohol and other drugs. Thus, the present work aims to analyze the perceptions of clinical patients with psychiatric symptoms about the nursing care offered in clinical inpatient units of a general hospital. This is a descriptive, exploratory and qualitative study. The study was carried out at the Clinical Nursing Service (SECLIN) of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, which has four clinical inpatient units. Fourteen clinical patients with psychiatric symptoms participated in the study. The semi-structured interview technique was chosen and the data were analyzed according to the method of MINAYO, 2014, emerging into three categories: nursing team care, perceived difficulties in nursing team care and suggestions to qualify nursing care. The study was also approved by the Research Ethics Committee of the institution under number 5,420,194. As preliminary results, the patients reported that the care of the nursing team is performed in a humanized and comprehensive way. Among the difficulties, the lack of qualification of the nursing team, the inequality in care, the shortage of professionals and the difficulty of communication between the patient and the professional were highlighted. In addition, as a suggestion, equality in care, staff dimensioning and approach to mental health at the university were commented. In this way, the results of this study can serve health unit managers in order to qualify the assistance intended for these people who are usually not heard and who are vulnerable in their clinical and psychic spheres.