Lo-fi : agenciamentos de baixa definição na música pop
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Data
2016Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Considerando todos os avanços tecnológicos pelos quais a fonografia passou desde sua invenção, em 1877, por que persistem registros sonoros de baixa definição? Para enfrentarmos essa questão, propomos encarar o lo-fi como um objeto comunicacional, de modo a compreender, a partir de sua linguagem, como ele modeliza a música pop. O lo-fi é reconhecido em senso comum pelo uso de equipamentos de áudio e instrumentos musicais deteriorados, obsoletos ou sucateados. Nesta tese, problematizamos essa no ...
Considerando todos os avanços tecnológicos pelos quais a fonografia passou desde sua invenção, em 1877, por que persistem registros sonoros de baixa definição? Para enfrentarmos essa questão, propomos encarar o lo-fi como um objeto comunicacional, de modo a compreender, a partir de sua linguagem, como ele modeliza a música pop. O lo-fi é reconhecido em senso comum pelo uso de equipamentos de áudio e instrumentos musicais deteriorados, obsoletos ou sucateados. Nesta tese, problematizamos essa noção. Logo de saída, desprendemos o lo-fi do determinismo tecnológico, passando ele a significar outras práticas, linguagens, políticas, estéticas e discursos. Para compreender esse panorama, evitamos uma construção linear ou mesmo histórica. Ao invés disso, mapeamos diversos agenciamentos de baixa definição simultâneos que se processam ao longo da história, circunscrevendo como objeto empírico canções registradas fonograficamente e que promovem algum tipo de desterritorialização do regime de signos institucionalizado pelo mainstream, o que nos leva ao seguinte objetivo geral: compreender o lo-fi como uma virtualidade que age na comunicação fonográfica, isto é, como uma máquina abstrata que não só se diferencia de si própria, mas também produz diferença na música pop. Para dar conta desse objetivo geral, desenvolvemos os seguintes objetivos específicos: (1) evidenciar a presença dos suportes fonográficos, instrumentos musicais e demais aparelhos tecnológicos na paisagem sonora das canções lo-fi; (2) mapear e sintetizar os diferentes sistemas culturais que, postos em relação, edificam a semiosfera de onde o lo-fi emerge como um novo sistema; (3) mapear os territórios de significação agenciados pelas imagens sonoras de baixa definição em canções lo-fi; (4) analisar a capacidade dessas imagens sonoras de promover agenciamentos de baixa definição na música pop; (5) descrever o diagrama da máquina abstrata lo-fi, seus modos de funcionamento e de modelização da música pop. Organizamos as análises em platôs, que percorrem diferentes linhas de variação contínua de significação efetuadas pelos agenciamentos de baixa definição. Ao final, descrevemos os modos de funcionamento da máquina abstrata lo-fi. Ao longo do estudo, também revisitamos e refletimos sobre teorias relacionadas ao assunto, como ecologia acústica, materialidades da comunicação, arqueologia da mídia, afecto, semiótica e a filosofia da diferença de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Como resultado, esperamos contribuir para as teorias da comunicação com reflexões referentes às noções de fidelidade, resolução, ruído, percepção sonora e, em especial, para a constituição de um modelo comunicacional micropolítico, reconhecido nos processos de diferenciação de nosso objeto de estudo. A baixa definição, defendemos, manifesta-se entre estados regulares da música pop, desestabilizando seus ritmos regulares, forçando seu núcleo a modificar sua estratégia para lidar com a diferença. Imagens sonoras lo-fi são institucionalizadas pela música pop, mas isso acaba por gerar outras imagens sonoras potenciais. A baixa definição segue, assim, resistindo aos regimes de signos impostos pelos movimentos hegemônicos da música pop, sempre propondo arrebatamentos e estabelecendo modos de comunicar imprecisos, distorcidos, violentos. ...
Abstract
Considering every technological advance phonographic recording has achieved since its invention in 1877, how come low definition sound recordings still exist (and persist)? To face such question, we treat lo-fi as a communicational object, in order to comprehend, from its language, how it models pop music. Lo-fi is recognized by common sense as the use of either scraped, obsolete, or spoiled audio and/or music equipments. In the present dissertation, we question and problematize such notion. Fr ...
Considering every technological advance phonographic recording has achieved since its invention in 1877, how come low definition sound recordings still exist (and persist)? To face such question, we treat lo-fi as a communicational object, in order to comprehend, from its language, how it models pop music. Lo-fi is recognized by common sense as the use of either scraped, obsolete, or spoiled audio and/or music equipments. In the present dissertation, we question and problematize such notion. From the start, lo-fi is set loose of its technological determinism, so it can be understood as different practices, languages, politics, aesthetics and discourses. To comprehend such a perspective, we avoid linear or historical approaches. Instead, several simultaneous low definition agencements processed throughout history are mapped, where we look for recorded songs that promote some kind of deterritorialization of the regime of signs institutionalized by the mainstream, which leads us to the following general objective: to comprehend lo-fi as a virtuality that acts on phonographic communication, that is, as an abstract machine that not only differs from itself, but also produces differentiation in pop music as well. To unravel this general objective, we established the following specific objectives: (1) to point out the presence of phonographic supports, musical instruments and other technological devices in the soundscape of lo-fi songs; (2) to map and to synthesize the different cultural systems that, when put in relation to each other, build a semiosphere from where lo-fi emerges as a new system of its own; (3) to map the territories of signification produced by agencements of low definition sound images; (4) to analyze the capacity of such sound images in promoting low definition agencements in pop music; (5) to describe the diagram of lo-fi’s abstract machine, its operating modes and pop music modelizations. The analyses are organized in plateaus that roam different lines of continuous meaning variations elicited by low definition agencements. At the end, we describe the modes of operation of the lo-fi abstract machine. Throughout the research, we also revisit and speculate about theories regarding the subject: acoustic ecology, materialities of communication, media archaeology, affect, semiotics and Deleuze and Guattari’s philosophy of difference. As a result, we expect to contribute to the theories of communication, specially concerning the notions of fidelity, resolution, noise, sound perception and, last but not least, to contribute to the construction of a micro-political communication model, recognized in the processes of differentiation of our object of research. As we advocate, low definition manifests itself between pop music’s regular states, destabilizing its regular rhythms, forcing its core to modify its strategy to deal with the difference. However, pop music institutionalizes lo-fi sound images, but that movement ends up generating other potential lo-fi sound images in the lo-fi system. Therefore, low definition follows, resisting to the regimes of signs imposed by pop music’s hegemonic movements, developing new ways of ravishments and establishing fuzzy, distorted, violent, inaccurate modes of communication. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação.
Coleções
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Ciências Sociais Aplicadas (6070)Comunicação e Informação (598)
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