Produtividade anual de comunidades de árvores em áreas de restauração florestal e remanescentes florestais a partir da análise de anéis de crescimento

Abstract

Ao se utilizar fragmentos florestais de uma determinada região, como referência, é possível observar a recuperação mais rápida ou mais lenta da área reflorestada pretendida, de acordo com o andamento da restauração. As estimativas de incremento de biomassa florestal são informações imprescindíveis para questões ligadas, entre outras, ao manejo florestal e clima. O presente estudo tem o objetivo de avaliar processos ecossistêmicos relacionados à produtividade primária em área em restauração e remanescente florestal. Para tanto, a pesquisa consistiu na avaliação e comparação dos incrementos anuais de biomassa a partir da análise de anéis de crescimento de espécies arbóreas em comunidades em processo de restauração e em floresta de referência, e da biomassa lenhosa estimada para cada indivíduo. Amostras de lenho foram coletadas em árvores de espécies que sabidamente formam anéis de crescimento, e então analisadas em laboratório. Posteriormente realizamos análises com modelos lineares mistos que permitiram avaliar o incremento anual e o estoque de biomassa de ambas as comunidades (tratamentos: restauração vs. floresta de referência) Os resultados indicaram que a espécie com maior taxa de incremento anual (tamanho de anel) foi Parapiptadenia rigida, com 3,52 mm/ano, e a menor foi Cupania vernalis, com 1,76 mm/ano. Os valores de incremento anual por comunidade avaliada não diferiram entre os tratamentos (F= 0,124, p= 0,727), demonstrando valores semelhantes de produtividade. Porém a biomassa viva acima do solo dos indivíduos da área de referência demonstrou ser maior que a biomassa dos indivíduos na área de restauração (F= 7,024, p= 0,012). Essa diferença reflete apenas o tempo maior que os indivíduos da referência tiveram para crescer em relação aos indivíduos da restauração. Os resultados indicam que diferenças locais associadas às condições de cada tratamento parecem não interferir na taxa de incremento anual das árvores presentes e que o tempo em si (i.e., a idade da floresta) reflete em diferenças de biomassa acumulada ao longo do processo de restauração ou sucessão florestal.

By using forest fragments of a given region as a reference, it is possible to observe the faster or slower recovery of a desired reforested area, according to the restoration progress. Estimates of forest biomass increment are essential information on issues related to forest management and climate, among others. We aimed to assess ecosystem processes related to primary productivity in an area undergoing restoration and a forest remnant. In order to achieve that, the research consisted on the evaluation and comparison of the annual biomass increments from the growth ring analysis of tree species from communities under restoration and in a reference forest, and on the woody biomass estimation for each individual. Woody samples were collected from trees of species that form annual growth rings and then analyzed in laboratory. Analyses with linear mixed models were then performed to evaluate the annual increment and the biomass stock of those communities (treatments: restoration vs. reference forest) The results indicated that Parapiptadenia rigida was the species with the highest annual growth rate, with 3.52 mm/year and Cupania vernalis had the lowest, with 1.76 mm/year. Annual increase per community was not different between treatments (F= 0.124, p= 0.727), showing similar values of productivity. However, the aboveground biomass of trees from the reference forest proved to be larger than the biomass of individuals from the restoration area (F= 7.024, p= 0.012). This difference reflects only the greater time that individuals of the reference forest had to grow in relation to the individuals of the restoration. The results indicate that local differences associated to the conditions of each treatment seems not be influencing the annual increment rate of present trees and that the time per se (i.e. forest age) reflects in differences in biomass stock through the restoration process or forest succession.