Epidemiologia do tabagismo no Rio Grande do Sul
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Data
1998Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Resumo
Com o objetivo de estudar a prevalência do tabagismo no Estado do Rio Grande do Sul, avaliar o perfil do fumante e testar um modelo alternativo de estudo epidemiológico do tabagismo, foram entrevistadas 7435 pessoas com idade igual ou superior a 15 anos. Este assim denominado macrocosmos foi avaliado através de um estudo transversal, realizado entre janeiro e dezembro de 1995. Foram selecionadas duas cidades- a mais populosa e outra com até 30.000 habitantes- de cada uma das sete mesorregiões g ...
Com o objetivo de estudar a prevalência do tabagismo no Estado do Rio Grande do Sul, avaliar o perfil do fumante e testar um modelo alternativo de estudo epidemiológico do tabagismo, foram entrevistadas 7435 pessoas com idade igual ou superior a 15 anos. Este assim denominado macrocosmos foi avaliado através de um estudo transversal, realizado entre janeiro e dezembro de 1995. Foram selecionadas duas cidades- a mais populosa e outra com até 30.000 habitantes- de cada uma das sete mesorregiões geográficas em que é dividido o Rio Grande do Sul (IBGE). Determinaram-se, a partir de dados do IBGE, as percentagens da população correspondentes a sexo, idade e cor. Determinada a percentagem da população total a ser estudada, fixou-se o número de supermercados a serem recenseados, buscando-se uma equilibrada representação das áreas sócio-econômicas em que os mesmos estavam inseridos. O inquérito em cada um destes supermercados prosseguia até ser atingido o número de pessoas representativas de cada segmento populacional. Foram escolhidas as cidades de Porto Alegre, Pelotas e Caxias do Sul, RS, para comparação do novo modelo com o clássico, em amostragem por conglomerados. Dois microcosmos, representados por escolares e mulheres gestantes, foram estudados da seguinte maneira: uma amostra de 1448 escolares, na faixa etária entre 1 O e 14 anos, inclusive, em sete escolas, quatro da rede pública e três da rede privada, na cidade de Porto Alegre. As entrevistas foram realizadas nas salas de aula entre escolares da 5a à 8a série, inclusive. O questionário utilizado não identificava o escolar. Outra amostra reuniu 602 gestantes: Foram entrevistadas gestantes, aos nove meses de gestação ou no pós-parto imediato (até 48h após o parto). Fizeram parte do estudo cinco maternidades de Porto Alegre. A prevalência do tabagismo foi 27,4%, sendo de 32,4% entre os homens e 23,1% entre as mulheres (p<0,00001). O maior percentual de fumantes foi observado na faixa etária entre 30 e 44 anos, tanto entre os homens, 44,8%, como entre as mulheres, 33,5%. Quanto à relação entre cor e tabagismo, a prevalência encontrada foi 26,3% entre brancos e de 34,5% entre não-brancos (p<0,0001). Uma associação negativa significativa entre escolaridade e tabagismo foi observada entre aq ueles com maior (segundo grau completo e curso superior) e menor escolaridade. Quanto à variável sedentarismo, entre os não-fumantes havia 60,8% de sedentários; entre os fumantes, 82,2% (p<O,OOO 1 ). No momento da entrevista, nas escolas públicas 75 (9,9%) escolares fumavam de modo ocasional e, nas escolas privadas, 37 (5,5%). OR = 1,92 (1,20 < OR < 3,07 IC 95%) p=0,0038396. No momento da entrevista, nas escolas públicas, 60 (7,9%) escolares fumavam de modo regular, e nas escolas privadas, 17 (2,6%). OR = 3,34 (1,82 < OR < 6,20 IC 95%) p=0,0000211. No momento da entrevista, entre os meninos, 42 (6,3%) fumavam de modo ocasional, 32 (4,7%) de modo regular e 597 (88,9%) não fumavam. Entre as meninas, 70 (9,2%) fumavam de modo ocasional, 45 (5,9%) de modo regular e 642 (84,8%) não fumavam. A prevalência do tabagismo entre as gestantes foi 19,3%. Quanto à relação entre cor e tabagismo, entre as brancas havia 76 (16,7%) fumantes e entre as não-brancas, 40 (27,0%) fumantes (p=0,01712784). Entre as analfabetas, havia 6 (33,3%) fumantes; entre as que apenas liam e escreviam, 29 (31,5%); entre aquelas com curso primário, 36 (22,1%); com primeiro grau, 26 (18,2%); com segundo grau, 10 (8,1%) e entre as com curso superior, 9 (14,2%) fumantes (p=0,00318130). O modelo de colheita de dados em supermercados, mostrou-se adequado para avaliar a prevalência de tabagismo: as diferenças percentuais entre amostragem por setores e nos supermercados não foram estatisticamente significantes. Com relação ao tabagismo, nos supermercados de Porto Alegre, Pelotas e Caxias do Sul, havia 599 fumantes entre 2070 entrevistados (28,9%); nos setores das respectivas cidades havia 595 fumantes entre 2154 entrevistados (27,6%) (p=0,3430). Entre os homens a prevalência do tabagismo foi 34,4% nos supermercados e 32,3% nos setores (p = 0,29008); entre as mulheres, a prevalência do tabagismo foi 24,3% nos supermercados e 23,7% nos setores (p = 0,01652). O teste de Mantel-Haenszel, não mostrou diferença estatisticamente significante entre os valores encontrados (p=O,l6157). O modelo de colheita de dados em supermercados gasta metade do tempo empregado na colheita de dados por setores, consequentemente torna-se mais econômico e mats facilmente reproduzível para avaliações periódicas do fenômeno em estudo. Para as 428 correspondências enviadas, obteve-se um total de 323 respostas (75,5%). Sessenta e nove municípios acusaram legislação sobre tabagismo, sendo em 14 deles anterior a 1990, e, em 55, posterior a 1990. A população dos 69 municípios com legislação sobre tabagismo (4.574.960) corresponde a 50,1% da população do Estado do Rio Grande do Sul (9.138.670) (IBGE- Censo 1991). ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Curso de Pós-Graduação em Pneumologia.
Coleções
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Ciências da Saúde (9068)Pneumologia (500)
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