Mãe Rita como símbolo de poder sócio-religioso a partir de seus Axós e Ilequês

Abstract

Esta pesquisa se apresenta num recorte temporal entre o fim do século XIX e início do século XX, trazendo como enfoque a indumentária utilizada por Mãe Rita, uma mulher negra de terreiro que viveu em Porto Alegre/RS e que foi retratada pelo fotógrafo Virgílio Calegari. Mãe Rita ocupou uma posição de destaque dentro de uma sociedade escravocrata e se tornou referência como uma das principais fundadoras do Batuque em Porto Alegre/RS. Por este motivo, a pesquisa também tem a intenção de dar visibilidade à imagem da mulher negra em posição de liderança sócio-religiosa durante e após o período de escravidão desenvolvida no Brasil. O trabalho consiste em analisar a indumentária afro-brasileira feminina e seu ornamento corporal como norteadores para a leitura de imagem fotográfica. Para isto, há a necessidade em perceber a posição da imagem fotográfica como icônica e a possibilidade de compreender a vestimenta como expressão religiosa negra, bem como seus adornos como atributos sagrados. Diante do longo período de escravidão, das várias tentativas de apagamento histórico, da presença do racismo e da intolerância religiosa, espera-se com isto, estimular a reflexão sobre o valor simbólico, sagrado e estético que os axós e ilequês carregam.

This research presents a temporal number between the end of the nineteenth century and the beginning of the twentieth century, bringing as a result the inductor used by Mãe Rita, a black terreiro woman who lives in Porto Alegre / RS and was portrayed by photographer Virgílio Calegari. Mãe Rita occupied a prominent position within a slave society and became a reference as one of the main founders of Batuque in Porto Alegre / RS. For this reason, a research also intends to give visibility to the image of black women in the position of socio-religious leadership during and after the period of slavery developed in Brazil. The work consists of analyzing a female Afro-Brazilian document and its body ornament as guidelines for reading the photographic image. For this, there is a need to perceive a position of the photographic image as iconic and the possibility of understanding a black religious expression, as well as its adornments as sacred characteristics. Faced with the long period of slavery, the various attempts at historical erasure, the presence of racism and religious intolerance, wait for it with this action, to stimulate a reflection on the symbolic, sacred and aesthetic value that the axos and ileques carry.