Padrões de diversidade de RIODINIDAE (LEPIDOPTERA) no extremo sul do Brasil e modelagem de distribuição potencial de SYMMACHIA ARION

Abstract

Este trabalho objetivou sintetizar o conhecimento sobre as borboletas da família Riodinidae ocorrentes no estado do Rio Grande do Sul, extremo Sul do Brasil, analisar seus padrões de distribuição e ocorrência e verificar quais os fatores subjacentes a estes, tais como variáveis climáticas, topográficas e vegetacionais. Além disso, realizou-se a modelagem preditiva da distribuição geográfica da espécie Symmachia arion, um riodinídeo que está listado como vulnerável nas listas vermelhas dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. Os registros de ocorrência dos Riodinidae foram obtidos através de bibliografia, exames em coleções científicas e saídas a campo. Foram registrados 96 taxa de Riodinidae, distribuídos em 92 municípios. Análise realizada por Escalonamento Não-métrico Multidimensional (NMDS) agrupou os pontos de registros por Bioma e por região fitogeográfica. A Análise Canônica de Coordenadas Princiapais (CAP) corroborou este agrupamento e apontou como variáveis ambientais que mais contribuíram para explicar os padrões de distribuição destas borboletas: distância do oceano, precipitação e temperatura. O correlograma multivariado de Mantel sugeriu que em curtas distâncias, a composição das espécies apresenta níveis significativos de autocorrelação espacial, e à medida que a distância geográfica aumenta, estes níveis tendem a apresentar valores negativos. Para a modelagem de distribuição potencial de S. arion, foram selecionadas 15 variáveis climáticas e uma topográfica (em uma resolução espacial de 2.5 arc minutes) e utilizados os algoritmos Maxent e Garp. Além disso, foi construído um mapa de consenso através da técnica de projeção combinada (ensemble forecasting) a partir dos dois modelos gerados. O valor da área sob a curva (AUC) foi de 0,93 para o Maxent e de 0,89 para o Garp, indicando que ambos obtiveram um excelente desempenho. Através do modelo de consenso, foi possível localizar 12 Unidades de Conservação Federais que estão incluídas em áreas de alta probabilidade de ocorrência da espécie. Tais informações serão úteis para futuros estudos que visem estudar a distribuição e verificar padrões macroecológicos de ocorrência para a conservação e conhecimento deste grupo geralmente negligenciado e tão pouco estudado na região Neotropical.