Desfechos neonatais após a administração de betametasona em gestações gemelares pré-termo

Abstract

Introdução: A prescrição de corticosteroides no período pré-natal para maturação pulmonar de fetos pré-termo em risco de nascimento tem sido associada a melhores desfechos neonatais em gestações únicas. Entretanto, estes benefícios não estão comprovados em gestações múltiplas. Objetivos: verificar a associação de corticoterapia antenatal com a redução de necessidade de ventilação mecânica em gêmeos nascidos pré-termo. Métodos: análise retrospectiva de uma coorte de gêmeos nascidos entre 24 e 37 semanas incompletas de idade gestacional em um hospital terciário brasileiro no período de 2010 a 2017. Os desfechos neonatais foram comparados entre gêmeos expostos a corticoterapia antenatal e os não expostos. O desfecho primário foi ventilação mecânica. Os desfechos secundários foram duração do uso de ventilação mecânica, internação em UTI neonatal, síndrome do desconforto respiratório, pH de gasometria de artéria de cordão umbilical, mortalidade intra-hospitalar e desfecho composto. Resultados: um total de 231 gestantes (462 neonatos) atendeu aos critérios de elegibilidade do estudo. A administração de ciclo completo de corticosteroide antenatal não foi associado à redução de incidência de ventilação mecânica após análise multivariada (Risco Relativo ajustado [RRa] 1,04, Intervalo de Confiança [IC] de 95% 0,97-1,11). Entretanto, os neonatos expostos a corticoterapia antenatal apresentaram menor tempo de uso de ventilação mecânica em comparação aos não expostos (mediana de 10 dias no grupo exposto versus mediana de 56 dias no grupo não exposto), uma diferença clínica e estatisticamente relevante (RRa 0,54, IC 95% 0,36-0,80). Não houve diferença entre os grupos em relação à internação em UTI neonatal e outros desfechos secundários. Conclusão: o uso de betametasona não foi associado à redução do risco de ventilação mecânica nos gemelares pré-termo; porém a duração do uso

Background: Antenatal corticosteroids (ACS) are widely prescribed to accelerate fetal lung maturation in preterm pregnancies with immediate risk of birth and have been associated with several improvement on neonatal outcomes in singletons. Nevertheless, these benefits in twin pregnancies remain controversial. Objective: To estimate whether antenatal corticosteroid therapy is associated with reduced neonatal morbidity in preterm twin pregnancies. Methods: this was a retrospective cohort study using data collected on twin neonates liveborn between 240/7-366/7 weeks gestational age in a tertiary-care hospital in Brazil, between 2010-2017. Neonatal outcomes were compared between exposed to complete dose antenatal corticosteroids twins and those non-exposed. Primary outcome was need for mechanical ventilation. Secondary outcomes were duration of mechanical ventilation use, Neonatal Intensive Care Unit (NICU) admission, respiratory distress syndrome, umbilical artery pH, in-hospital mortality and a composite outcome. Results: a total of 231 women (462 neonates) were eligible for the study. A complete course of antenatal corticosteroids was not associated with a reduced incidence of mechanical ventilation need after regression analysis (adjusted RR 1.04, 95% Confidence Interval [CI] 0.97-1.11). However, exposed twins needed mechanical ventilation for a median of 10 days (IQR 3-26), while non-exposed twins needed for a median of 56 days (interquartile range [IQR] 14-89), a difference of clinical and statistical relevance (p=0.005). There were no differences between groups regarding NICU admission and other secondary outcomes. Conclusion: betamethasone use was not associated with reduced mechanical ventilation need in preterm twins; however, the duration of mechanical ventilation use was shorter in exposed to betamethasone twins than in non-exposed ones.