Conciliação medicamentosa associada a intervenções farmacêuticas : uma prática clínica do farmacêutico do programa de transplante renal em hospital universitário

Abstract

Introdução: Pacientes transplantados utilizam vários medicamentos, sendo mais suscetíveis a eventos adversos e a sofrer descontinuação não intencional do tratamento medicamentoso durante a internação hospitalar. A conciliação medicamentosa pode evitar/minimizar erros de medicação e eventos adversos. O objetivo desse trabalho foi descrever as conciliações medicamentosas de admissão realizada pelo farmacêutico que atua no Programa de transplante renal e as intervenções farmacêuticas realizadas através dessa prática clínica. Métodos: Estudo observacional, descritivo e retrospectivo. Os dados foram coletados dos bancos de dados da Seção de Farmácia Clínica e do prontuário eletrônico dos pacientes transplantados renais internados no HCPA, de Julho de 2018 à Julho de 2019. Foram utilizadas informações sobre conciliação medicamentosa de admissão, intervenções farmacêuticas (discrepâncias não intencionais) e classificação dos medicamentos envolvidos nas intervenções. Resultados: No período do estudo, 719 pacientes foram acompanhados pelo farmacêutico clínico. Foram analisados os dados da conciliação medicamentosa de admissão de 60 pacientes (8,34%), que tinham prescrições com discrepâncias não intencionais de medicamentos de uso prévio, que geraram 130 intervenções farmacêuticas, média de 2,17 medicamentos omissos por prescrição. A adesão da equipe médica às intervenções foi de 61,54%. A classe terapêutica com maior ocorrência de discrepâncias não intencionais foi a que atua sobre o aparelho cardiovascular (40%). Conclusões: A conciliação medicamentosa realizada pelo farmacêutico clínico com pacientes transplantados renais no HCPA mostrou-se importante para detectar discrepâncias nas prescrições e as intervenções farmacêuticas realizadas garantiram adequado tratamento medicamentoso durante a internação, minimizando erros e eventos adversos a medicamentos.

Introduction: Transplanted patients use various medications, being more susceptible to adverse drug events and to suffering unintentional discontinuation of treatment during hospitalization. Medication reconciliation can prevent / minimize medication errors and adverse events. The objective of this work was to describe the medication reconciliations of admission performed by the pharmacist who works in the Kidney Transplant Program and the pharmaceutical interventions performed through this clinical practice. Methods: Observational, descriptive and retrospective study. Data were collected from the databases of the Clinical Pharmacy Section and from the electronic medical records of kidney transplant patients admitted to HCPA, from July 2018 to July 2019. Information on admission medication reconciliation, unintentional discrepancies, pharmaceutical interventions and classification of drugs involved in interventions. Results: During the study period, 719 patients were followed up by the clinical pharmacist. The data on the medication reconciliation of admission of 60 patients (8.34%), who had prescriptions with unintended discrepancies in previous use medications, which generated 130 pharmaceutical interventions, an average of 2.17 missing drugs per prescription, were analyzed.. The medical team's adherence to interventions was 61.54%. The therapeutic class with the highest occurrence of unintended discrepancies was the one that acts on the cardiovascular system (40%). Conclusions: The medication reconciliation performed by the clinical pharmacist to the kidney transplant patients at HCPA proved to be important to detect discrepancies in prescriptions and the pharmaceutical interventions performed ensured adequate drug treatment during hospitalization, minimizing errors and adverse drug events.