Efeito da inclusão de fibra na dieta de fêmeas suínas durante o pré-parto sobre os parâmetros do parto e desempenho da leitegada

Abstract

Ao longo das últimas décadas, houve um aumento significativo no número de leitões nascidos por fêmea. Paralelo a este aumento houve também um aumento na duração do parto. Partos prolongados estão associados à uma maior incidência de natimortos, afetando diretamente a produtividade da fêmea. A suplementação com fibra no pré-parto se mostra como uma alternativa potencial para minimizar os efeitos negativos do aumento da duração do parto. A fibra tem a capacidade de modular as características das fezes facilitando a saída dos leitões ao parto e também é capaz de fornecer energia que pode ser utilizada durante o trabalho de parto, diminuindo assim a sua duração. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da suplementação de fibra no pré-parto de matrizes suínas sobre os parâmetros do parto nas fêmeas e o desempenho da leitegada. No dia 105 de gestação, um total de 402 fêmeas foram selecionadas de acordo com o escore de condição corporal, unidades Caliper, ordem de parto (0 a 6) e foram distribuídas aleatoriamente em dois tratamentos: 1) baixa fibra (BF), contendo 2,02% de fibra bruta; e 2) fibra moderada (FM), contendo 5,12% de fibra bruta. A dieta do grupo BF teve como base o milho e a soja contendo 3,26 Mcal de EM kg-1 e 0,60% SID Lys. A dieta FM também teve como base milho e soja, porém com a adição de 10% de casca de soja, contendo 3,13 Mcal de EM kg-1 e 0,60% SID Lys. As fêmeas de ambos os tratamentos foram alimentadas com 1,8 kg/dia. O escore fecal foi avaliado durante todo o período pré-parto. Os eventos relacionados ao parto foram registrados em todas as fêmeas. Foi realizada assistência ao parto quando o intervalo de nascimento passou dos 30 minutos. Os dados foram analisados pelo procedimento GLIMMIX do SAS e as comparações entre os grupos foram realizadas de acordo com o teste T de Student com um nível de significância de 5%. As fêmeas do grupo FM tiveram menos dias com fezes secas, comparadas às fêmeas do grupo BF (P= 0.008). Não foram encontradas diferenças significativas para a duração do parto (258,1±6,6 min vs. 268,5±6,7 min; P= 0,25) e assistência ao parto (30,8 vs. 39,3%; P= 0,09). As fêmeas do grupo FM tiveram um maior número de leitões nascidos totais e vivos (P= 0,01) mas sem diferença significativa na porcentagem de nascidos vivos, natimortos ou mumificados (P≥ 0,29). Os leitões do grupo BF tiveram um maior peso ao nascimento do que o grupo FM (P= 0.04). Não foram notados efeitos do tratamento sobre a mortalidade pré-desmame, número e peso de leitões desmamados (P≥ 0,10). Em conclusão, a inclusão moderada de fibra na dieta durante o pré-parto não influenciou a duração e assistência ao parto, sobrevivência de leitões, bem como o desempenho da fêmea e dos leitões durante a lactação.

Over the past few decades, there has been a significant increase in the number of piglets born. With this increase, there was also a change in some characteristics, such as birth weight and farrowing duration. Prolonged parturition is associated with an increased number of stillborn piglets, which directly affects sow productivity. Supplementation with fiber in the late gestation is a potential alternative to minimize the adverse effects of increasing the farrowing duration. The fiber can modulate the feces characteristics, facilitating the piglet passage at birth. Fiber is also a source of energy that can be used in the farrowing process reducing its duration. Therefore, the objective of this study was to evaluate the effect of fiber supplementation in the late gestation on the performance of sows and piglets at farrowing. On d 105 of gestation, a total of 402 sows were selected according to body condition score, caliper units, and parity (0 to 6) and randomly assigned to one of two treatments in a completely randomized design. Treatments included 1) Low fiber diet (LF) with 2.02% crude fiber; and 2) Moderate fiber diet (MF) with 5.12% crude fiber. The LF diet was based on corn and soybean meal with 3.26 Mcal of ME kg-1 and 0.60% SID Lys. The HF diet was corn-soybean meal-based with 10% soy hulls, containing 3.13 Mcal kg-1 and 0.60% SID Lys. Sows in both treatments were fed 1.8 kg/d. The fecal score was evaluated daily until farrowing. Farrowing duration and birth weight of born alive and stillborn piglets were recorded. The farrowing was manually assisted when the birth interval was longer than 30 min. Data were analyzed by the GLIMMIX procedure of SAS, and comparisons were performed with Student’s t-test at 5% of significance. Sows fed MF diet had fewer days with dry feces than those fed LF diet (P= 0.008). No evidence for treatment effects was observed on farrowing duration (P= 0.25) and farrowing assistance (P= 0.09). Sows fed MF diet had a greater number of total piglets born (P= 0.01), but there was no evidence (P>0.05) for treatment effect on the percentage of piglets born alive, stillborn piglets, or mummified fetuses. Piglets from sows fed LF diet had a greater birth weight than those from sows fed MF diet (P= 0.04). No evidence for differences were observed between treatments for pre-weaning mortality, number and weight of weaned pigs (P> 0.05). In conclusion, the MF diet did not show positive effects on farrowing duration, farrowing assistance, and sow and piglet performance.