Surtos de COVID-19 entre profissionais da saúde de institutos de longa permanência para idosos da cidade de Porto Alegre : levantamento de dados e caracterização clínico epidemiológica

Abstract

A pandemia de COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, tem se destacado devido a sua alta taxa de disseminação pelo contato direto entre pessoas. Nesse âmbito, os profissionais da saúde estão entre as populações de maior risco de contágio por estarem na linha de frente de combate à pandemia, trabalhando diretamente com pessoas contaminadas em diferentes meios e se expondo inúmeras vezes ao vírus. Um dos ambientes que tem sido alvo de preocupação nesse panorama são os Institutos de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), que além de contarem com a presença dos profissionais de saúde, abrigam a população idosa, compondo um ambiente de vulnerabilidade de contágio e dispersão da doença. Este estudo avaliou os surtos de COVID-19 em ILPIs reportados a Diretoria Geral de Vigilância em Saúde da cidade de Porto Alegre (DGVS-POA) no ano de 2020. Para isso, foram rastreados os profissionais de saúde afastados das atividades devido ao diagnóstico de COVID-19 nessas instituições. Estes profissionais foram contatados por telefone e convidados a responder um questionário online. Ao total, 43 profissionais foram incluídos no estudo, entre eles cuidadores de idosos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e um auxiliar de farmácia. Verificou-se que durante a infecção, 81,4% dos profissionais apresentou sintomas, a maioria brandos, sem necessidade de internação. Ainda, 16,3% trabalhava em mais de um serviço de saúde, fator que pode ter contribuído para a disseminação da doença. Quase todos os participantes, 97,7%, residem com outras pessoas, e a maioria, 53,5% acredita ter se contaminado no ambiente de trabalho. Os fatores causais associados a ocorrência de surtos podem ser relativos ao tipo de trabalho exercido por estes profissionais, como o contato direto com pacientes. Hipotetiza-se que mesmo com o seguimento dos protocolos de biossegurança, a natureza intrínseca do ofício dos profissionais de saúde pode ter contribuído para os surtos nessas instituições, uma vez que o contato físico nesta área é necessário e a maioria dos profissionais acredita ter se contaminado no ambiente de trabalho. Associado a isso, a existência de comorbidades podem ter facilitado o contágio, uma vez que são fatores de risco conhecidos para a infecção viral. Os profissionais podem ainda ter sido parte do processo de disseminação da doença, corroborando com dados internacionais de estudos similares.

The COVID-19 pandemic, caused by SARS-CoV-2 virus, has stood out due to its high rate of dissemination through direct contact between people. In this context, health care professionals are among the populations most at risk of contagion because they are at the frontline of the combating the pandemic, working directly with people infected with different enviroments and exposing themselves to the virus countless times. One of the enviroments that has been target of concern in this scenario is the Long Term Care Instituitions (LTCI), wich in addition to having the presence of health professionals, shelter and elderly population that is vulnerable to contagion and dispersion of the disease. This study evaluated the outbreaks of COVID-19 in LTCI reported to the general directorate of health surveillance in the city of Porto Alegre (DGVS-POA) in 2020. For this, health professionals who were away from activities due to the diagnosis of COVID-19 in this instituitions were screened. These professionals were contacted by phone and asked to answer an online questionnaire. A descriptive analysis and calculation of frequencies was performed. In total, 43 professionals were included in this study, incluing caregivers of the elderly,nurses, nurses technicians and other health professionals who maintain direct contact with residents. During the infection, 81,4% had symptons. Still, 16.3% work in more than one health service, a factor that may have contributed to the spread of the disease. Almost all participants, 97.7% live with other people, and the majority, 53.5% believe they have become infected in the work environment. The causal factors associated with the occurrence of outbreaks may be related to the type of work performed by these professionals, such as direct contact with patients. It is hypothesized that even following the biosafety protocols, the intrinsic nature of the profession of health professionals may have contributed to the outbreaks in these institutions, since physical contact in this area is necessary and most professionals believe they have become infected in the work environment. Associated with this, the existence of comorbidities may have facilitated contagion, since they are known risk factors for a viral infection. Professionals may also have been part of the process of spreading the disease, corroborating international data from similar studies.