"O horror do escombro e a glória do vestígio" : espaços da recordação e experiência de tempo em Pedro Nava

Abstract

Neste trabalho, faço uma análise do primeiro capítulo do volume cinco da obra memorialística de Pedro Nava (1903-1984), volume intitulado Galo das trevas (1981), buscando enxergar a experiência de tempo do autor. O primeiro capítulo da obra, Jardim da Glória à beira-mar plantado, é momento da narrativa de Nava em que o autor interrompe de forma mais radical o exercício de contar o passado para, nos guiando em caminhadas por seu bairro ou na intimidade de seu apartamento, compartilhar com seus leitores os seus espaços da recordação. Em espaços que são cenários de sua vida cotidiana, mas que também carregam em si vestígios do passado, Nava nos demonstra um olhar sobre o tempo como uma sobreposição de “agoras”. De um ponto de vista individual, ao mesmo tempo que vê nos vestígios uma forma de reencontro com o seu passado, Nava também se queixa da degradação desses espaços e, em uma tentativa de preservação, busca transmitir uma experiência através da escrita.

In this work, I analyze the first chapter of volume five of the memorialistic work of Pedro Nava (1903-1984), volume entitled Galo das Sombras (1981), seeking to see the author's experience of time. The first chapter of the work, Jardim da Glória by the seaside planted, is a moment in Nava's narrative in which the author interrupts in a more radical way the exercise of telling the past to, guiding us on walks through his neighborhood or in the intimacy of his apartment, share his memory spaces with his readers. In spaces that are scenarios of his daily life, but which also carry traces of the past, Nava shows us a look at time as an overlay of “nows”. From an individual point of view, at the same time that Nava sees in the traces a way of reuniting with his past, Nava also complains about the degradation of these spaces and, in an attempt to preserve them, he seeks to transmit an experience through writing.