"Tudo isso pode ser pedagógico" : construção de saberes não-intencionais na formação em artes visuais

Abstract

Através do método da cartografia percorro vários momentos da minha vida, amparada na ideia de que a formação de uma professora de artes não se restringe aos espaços e tempos da academia, sendo necessária uma abertura às múltiplas experiências pedagógicas que se dão ao longo de nossas trajetórias, movimento que defendo como pedagogias não intencionais. Falo também da educação como agrofloresta, que se atenta para a "microfauna e microflora" das experiências, que é um convite a desacelerar, a olhar com atenção, a conviver. Parto das reflexões de Krishnamurti, quando diz que “toda a ação é um movimento de aprender e todo o relacionamento é aprender”, ao olhar para algumas relações que perpassaram minha história e que se mostraram pedagógicas. Trago para esta conversa autorxs que me provocam a pensar a pedagogia e a arte em um sentido mais abrangente, conectadas ao território, ao corpo e aos nossos modos de vida. Autorxs que, direta ou indiretamente, fazem uma crítica à educação escolarizada convencional, educação que se mostra ao mesmo tempo colonizada e colonizadora. Falo de Zavalloni, Krishnamurti, Ailton Krenak, bell hooks, Tim Ingold, Allan da Rosa... Uso a expressão “Foi pedagógico” para marcar as aprendizagens não-intencionais e intencionais que tive em minhas andanças e viagens, assim como nas aulas junto ao Instituto de Artes da UFRGS. Não quero com esta pesquisa desvalorizar o lugar da academia e da escola na formação e transmissão de conhecimentos e práticas artísticas, mas de pensá-las em convivência com o mundo. Trata se de pensar um ensino de artes plural e pelo viés do espanto, entusiasmo e paixões.