Casos de coinfecção por TB/HIV na população em situação de rua em porto alegre : perfil sociodemográfico, ocorrência de internações e morte em uma coorte

Abstract

A taxa de coinfecção HIV/TB somente em 2016, nos residentes de Porto Alegre foi de 24,6%. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a população em situação de rua apresenta 44 vezes mais chance de ter TB em comparação à população em geral, fato ocasionado pela extrema vulnerabilidade que resulta em pobreza, baixa imunidade, desemprego, desconhecimento da doença, coinfecção HIV/TB, ausência de moradia fixa, imigração e drogas. Assim, estes indivíduos podem apresentar ainda maiores taxas de internações e mortalidade relacionadas com a coinfecção. O objetivo deste trabalho é analisar os casos de coinfecção em pessoas em situação de rua em Porto Alegre, a ocorrência de internação e morte neste grupo. Trata-se de um estudo quantitativo, classificado como uma coorte retrospectiva. Foram utilizados dados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Informação Hospitalar (SIH) e Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). Foi utilizada análise estatística descritiva, e os resultados serão apresentados em tabelas. Além disso, o teste de qui-quadrado de Pearson foi utilizado para verificação se a ocorrência de morte era mais expressiva em pessoas em situação de rua que realizaram ou não o tratamento supervisionado. Foram identificados 99 casos de coinfecção em pessoas em situação de rua de 2009 a 2013. O perfil identificado é de pessoas predominantemente do sexo masculino, adultos jovens (37,4±9,29 anos) e com baixa escolaridade. Etilismo é um problema de saúde bastante frequente no grupo estudado. O percentual de internações neste grupo é muito elevado e quanto ao encerramento dos casos, têm-se um percentual expressivo de óbitos. Tendo em vista as diferenças encontradas em termos de percentuais de óbitos em quem realizou e em quem não realizou o tratamento supervisionado, este parece ser uma importante estratégia para esta população. Assim, recomenda-se que os profissionais de saúde possam discutir estratégias para ampliar o acesso ao tratamento supervisionado para as pessoas em situação de rua.