Associação entre necessidade de tratamento odontológico normativa e autopercebida

Abstract

Objetivos: Investigar a associação entre a necessidade normativa e a autopercepção de necessidade de tratamento odontológico em adolescentes com idades entre 15 e 19 anos de municípios do Estado do Rio Grande do Sul. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal com 1771 adolescentes na faixa etária de pesquisa, matriculados em escolas de 36 municípios do Estado do Rio Grande do Sul. O critério clínico utilizado para determinar a necessidade de tratamento odontológico foi a resposta afirmativa ao exame clínico para uma ou mais variáveis de presença de cárie, sangramento, trauma, necessidade de tratamento restaurador e necessidade de tratamento estético. O instrumento utilizado para avaliar a autopercepção da necessidade de tratamento foi a resposta ao questionamento: “ Você acha que precisa de tratamento dentário atualmente?” Resultados: Dos 1.771 adolescentes, 301 foram excluídos porque não souberam responder o questionamento sobre autopercepção. Dos 1470 examinados, 55,9% eram do sexo feminino, 47,1% possuíam renda média familiar de R$ 501 a R$ 1500 e 39,3% contavam com a escolaridade da mãe entre 5 e 9 anos de estudo. Em relação à amostragem total, 87,40% possuíam necessidades normativas. Quanto à autopercepção, 74,60% referiu perceber a necessidade de tratamento odontológico. Houve associação positiva significativa entre avaliação autopercebida positiva de necessidade de tratamento odontológico e avaliação normativa. O valor da sensibilidade foi de 76,90% e da especificidade, 40,90%. O valor preditivo positivo foi de 90%, mas o valor preditivo negativo foi baixo, 20,30%. Discussão: Os resultados deste estudo mostraram alta concordância entre necessidade de tratamento autopercebida positivamente com necessidade de tratamento avaliada clinicamente, sendo que a autopercepção dos adolescentes não sofreu interferência significativa da renda média familiar e da escolaridade da mãe. Conclusões: a autopercepção positiva de necessidade de tratamento odontológica em jovens, pode ser utilizada como um instrumento de avaliação das condições de saúde bucal, uma vez que vai ao encontro das necessidades normativas. Porém a autopercepção negativa para necessidades de tratamento odontológica não demonstrou a mesma confiabilidade, não podendo ser aceito como um parâmetro para essa avaliação.

Objectives: Investigate the association between clinical needs and self-perceived need for dental treatment in adolescents aged 15 to 19 years from cities in the State of Rio Grande Do Sul. Methodology: It was a cross-sectional study with 1771 schoolchildren between 15 and 19 years old in 36 cities in the State of Rio Grande do Sul. The clinical criterion used to determine the need for dental treatment was the affirmative response to clinical examination for one or more variables of presence of caries, gingival bleeding, trauma, need for restorative treatment and need for aesthetic treatment. The instrument used to assess self-perceived need for treatment was the response to the following question: "Do you think you currently need dental treatment?". Results: Out of the 1,771 adolescents, 301 were excluded because they could not answer the question about self-perception, of the 1470 examined, 55,9% were female, 47,1% had a family average income of R$ 501 to R$ 1500 and 39,3% had their mother's education between 5 and 9 years of schooling. In relation to total sampling, 87.40% had normative needs. Regarding self-perception, 74.60% reported perceiving the need for dental treatment. There was a significant positive association between positive self - perceived assessment of dental treatment need and normative evaluation. The sensitivity value was 76.90% and the specificity value was 40.90%. The positive predictive value was 90%, but the negative predictive value was low, 20.30%.Discussion: The results of this study showed a high agreement between the need for self-perceived treatment and the need for a clinically evaluation treatment, and the self-perception of the adolescents did not suffer significant interference from the family's average income and the mother's schooling. Conclusions: the positive self-perception of the need for dental treatment in young people can be used as an instrument to evaluate oral health conditions, since it meets the normative needs. However, the negative self-perception for dental treatment needs did not show the same reliability, and cannot be accepted as a parameter for this evaluation.