Avaliação de bulas e folhetos informativos de fitoterápicos de venda livre com indicação para sintomas frequentes na gestação

Abstract

A automedicação é uma prática comum na gestação ainda que apresente riscos para a mãe e para o bebê. A crença de que plantas e produtos à base de espécies vegetais, por serem de origem natural, não causam efeitos nocivos, pode levar gestantes a consumires plantas medicinais ou fitoterápicos na automedicação. Sendo a bula uma das principais fontes de informação sobre medicamentos para pacientes no Brasil e uma fonte rápida de informações para prescritores, verificou-se a presença de informações sobre a segurança do uso de fitoterápicos nas bulas de pacientes e profissionais, bem como dos folhetos informativos de produtos tradicionais fitoterápicos com indicação para os principais sintomas na gestação. As bulas ou folhetos informativos foram extraídas do bulário eletrônico ou site do laboratório fabricante de todos os fitoterápicos selecionados - produtos com registro ativo na Anvisa. O número de estudos sobre as espécies vegetais dos fitoterápicos selecionados foi investigado nas bases de dados Cochrane, Pubmed e Scielo com os buscadores “gênero espécie”, “gênero espécie” AND teratogen* e “gênero espécie” AND (gestation* OR pregnancy). As bulas apresentaram diferentes níveis de informação e detalhamento sobre a indicação do medicamento na gestação. A maioria das bulas desaconselhava o uso de fitoterápicos sem justificativa farmacológica. Nas três bases consultadas, o número de estudos resultantes da busca “gênero espécie” AND (gestation* OR pregnancy) foi igual ou inferior a dois. Por ser mais abrangente, o Pubmed resultou em maiores correspondências quando comparado as bases de dados Cochrane e Scielo. Os dados apontaram que a bula do paciente, folheto informativo, bem como a bula profissional são fontes extremamente superficiais na orientação quando ao uso de fitoterápicos na gestação, majoritariamente desencorajando sem informar uma justificativa embasada em ação farmacológica. As bases de dados consultadas mostraram-se escassas em estudos relacionando as espécies vegetais e efeitos teratogênicos, bem como relacionando-as a gestação.

Self-medication is a common practice in pregnancy, even though it presents risks for the mother and baby. The belief that plants and products based on plant species, as they are of natural origin, do not cause harmful effects, can lead pregnant women to consume medicinal plants or herbal medicines for self-medication. As the package insert is one of the main sources of information about medications for patients in Brazil and a quick source of information for prescribers, it was verified the presence of information on the safety of the use of herbal medicines in the package inserts of patients and professionals, as well as in the information leaflets of traditional herbal products with indication for the main symptoms during pregnancy. The leaflets or information leaflets were extracted from the electronic leaflet or website of the manufacturer laboratory of all selected herbal medicines - products with active registration at Anvisa. The number of studies on the plant species of the selected herbal medicines was investigated in the Cochrane, Pubmed and Scielo databases with the search engines “species genus”, “species genus” AND teratogen* and “species genus” AND (gestation* OR pregnancy). The package inserts presented different levels of information and details about the indication of the drug during pregnancy. Most package inserts discouraged the use of herbal medicines without pharmacological justification. In the three databases consulted, the number of studies resulting from the search for “species genus” AND (gestation* OR pregnancy) was equal to or less than two. As it is more comprehensive, Pubmed resulted in greater matches when compared to the Cochrane and Scielo databases. The data showed that the patient's leaflet, information leaflet, as well as the professional leaflet are extremely superficial sources of guidance regarding the use of herbal medicines during pregnancy, mostly discouraging without providing a justification based on pharmacological action. The databases consulted were scarce in studies relating plant species and teratogenic effects, as well as relating them to pregnancy.