O modo de fazer a guerra do Oriente Médio : a experiência da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, a bagagem britânica e a interface com a transformação militar dos EUA

Abstract

Este trabalho constitui-se em um ensaio que mescla uma abordagem histórico-explicativa com uma ênfase preditiva, com o objetivo de examinar de que forma o “modo de fazer a guerra do Oriente Médio” emergiu, e seus respectivos desenvolvimentos e repercussões, em especial para as experiências da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos na região, bem como para a atuação da Guarda Revolucionária Islâmica na realidade das guerras do Oriente Médio. Dessa forma, traçase uma perspectiva histórica que remonta a relação político-militar entre o Império TurcoOtomano e a Inglaterra no século XVIII, concomitantemente com a recuperação da experiência inglesa em guerras travadas em solo europeu (Guerra da Sucessão Espanhola, Guerra dos Sete Anos), e a forma como a injunção destes acúmulos históricos resultou no “modo britânico de fazer a guerra”. Posteriormente, para elaborar a experiência estadunidense nesse sentido, recupera-se as origens do pensamento da Transformação Militar e a cosmovisão que deu origem ao que foi proposto por Paul Wolfowitz e Donald Rumsfeld: uma redução das Forças Armadas dos EUA ao padrão das operações especiais. Isso é feito através da retomada da atuação dos EUA em relação ao Oriente Médio no contexto da guerra fria, perpassando os motivos que levaram à criação do United States Special Operations Command (USSOCOM), e a forma como este foi empregado na guerra contrarrevolucionária, objetivando fustigar a periferia soviética. Em seguida, é realizada uma análise sobre o comportamento da Guarda Revolucionária Islâmica em um contexto de conflagrações regionais, bem como uma apresentação das capacidades da força iraniana. Finaliza-se o trabalho examinando três possíveis cenários sob os quais se daria uma guerra entre Estados Unidos e Irã, operacionalizando o que foi desenvolvido ao longo do estudo.

This monography combines a historical-explanatory approach with a predictive emphasis, aiming to study how the “Middle East’s way of war” emerged, and its respective developments and repercussions, concerning particularly the experiences of Great Britain and the United States in the region, as well as for the role of the Islamic Revolutionary Guard Corps in the reality of the Middle East’s wars. Therefore, a historical perspective is drawn, going all the way back to the political-military relationship established between the Turkish-Ottoman Empire and Great Britain in the 18th century, concomitantly with the analysis of the English experience in wars fought on European soil (War of the Spanish Succession, War of the Seven Years), and the way in which the injuction of these historical accumulations resulted in the “British way of war”. Subsequently, to elaborate the American experience in this sense, the origins and the cosmovision of the Military Transformation, a concept proposed by Paul Wolfowitz and Donald Rumsfeld: a reduction of the US Armed Forces to the standards of special operations. This is done through the resumption of the US action in the Middle East in the context of the Cold War, covering the reasons that led to the creation of the United States Special Operations Command (USSOCOM), and the way in which it was used in the counterrevolutionary war, harassing the Soviet’s periphery in that context. Afterward, an analysis of the Islamic Revolutionary Guard Corps in a context of regional conflagrations is carried out, as well as a presentation of the capabilities of the Iranian force. The monography ends by examining three possible scenarios under which a war between the United States and Iran would take place, operationalizing what was developed throughout the study.