Curso promotor@s em saúde da população negra um dispositivo de educação antirracista no enfrentamento ao racismo no âmbito das políticas públicas em Porto Alegre

Abstract

Esta pesquisa objetivou analisar o Curso Promotor@s em Saúde da População Negra (CPSPN), desenvolvido no município de Porto Alegre, RS, pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) como um dispositivo de educação antirracista no enfrentamento ao racismo no âmbito das Políticas Públicas em Porto Alegre. Como metodologia, a abordagem utilizada foi a qualitativa e quantitativa. Do ponto de vista qualitativo, realizei a análise de documentos pertinentes à Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e ao curso Promotor@s: portarias ministeriais, relatórios de gestão da Secretária Municipal de Saúde de Porto Alegre, Atas de reuniões do Conselho Municipal de Saúde e da Comissão de Saúde da População Negra e a publicação Olhares Sobres a Equidade em Saúde. Os documentos foram analisados de acordo com a Análise de Conteúdo proposta por Bardin (1977). A abordagem quantitativa foi realizada através das avaliações por parte dos participantes sobre o curso Promotor@s (na época os participantes fizeram uma avaliação do curso) e da aplicação de um questionário semiestruturado enviado a todos que já participaram de alguma edição do curso Promotor@s (a partir das listas de presença do curso); a divulgação desta etapa da pesquisa e do questionário foi através de e-mail, WhatsApp e redes sociais para todos os participantes do curso. A análise quantitativa utilizou o modelo de analise estatística de Freitas (2013). A amostra foi composta por 530 avaliações realizadas pelos participantes do curso de 2012 a 2014, e 176 questionários respondidos pelos participantes do curso nas diferentes edições. O enfoque da análise centrou-se na efetivação de uma sensibilização dos profissionais de saúde sobre o racismo institucional e suas implicações na saúde no processo de saúde e doença da população negra. Os resultados indicam que os profissionais reconhecem o racismo como um fator de adoecimento para a população negra e apontam as mudanças ocorridas após a realização do curso, e destacam a importância do debate racial nos serviços de saúde, para o enfrentamento do racismo no SUS. Neste sentido, o CPSPN mostrou-se eficaz como um dispositivo de educação antirracista capaz de promover a sensibilização dos profissionais de saúde para a questão do racismo institucional e seus impactos na saúde da população negra. Embora reconhecido como um dispositivo importante na luta contra o racismo, é preciso destacar a necessidade de outras ações para um fortalecimento efetivo da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

This research analyzes the Course Promotor@s in Health for the Black Population (CPSPN), developed in the city of Porto Alegre, RS, Brazil, by the Municipal Health Department in partnership with the Universidade Federal do Rio Grande do Sull (UFRGS) as an anti-racist device in education in confronting racism within Public Policies in Porto Alegre. The methodological approach was qualitative and quantitative. From a qualitative point of view, I analyzed documents relevant to the PNSIPN and the Promotor@s course: ministerial ordinances, management reports from the Municipal Health Department of Porto Alegre, Minutes of meetings of the Municipal Health Council and the Health Commission of the Black Population and the publication Looks on Equity in Health. The documents were analyzed according to the Content Analysis proposed by Bardin (1977). The quantitative approach analyzed evaluations made by the participants of the Promotor@s course (at the time the participants responded to an evaluation of the course) and analyzed results from a survey where a questionnaire was sent to everyone who took part in any edition of the Promotor@s course (from the course attendance lists); The invitation to respond to this questionnaire was made through e-mail, WhatsApp and social networks to all participants of the course. The quantitative analysis used the statistical analysis model of Freitas (2013). The sample consisted of 530 assessments carried out by course participants from 2012 to 2014, and 176 questionnaires answered by participants from different course editions. Analysis focused on making health professionals aware and sensitive to issues related to institutional racism and its ill implications in the health and disease process of the black population. The results indicate that professionals recognize racism as a factor of illness for the black population and point out the changes that occurred after their conclusion of the course and highlight the importance of the racial debate in health services, to face racism in the public health services (Sistema Único de Saúde – SUS). In this sense, the CPSPN, proved to be effective as an anti-racist education device capable of promoting the awareness of health professionals to the issue of institutional racism and its impacts on the health of the black population. Although recognized as an important device in the fight against racism, there is need for other actions in order to strengthen the National Policy for the Comprehensive Health of the Black Population.