(Com)vivências adolescentes na atenção psicossocial : notas psicanalíticas

Abstract

Esta pesquisa tem o propósito de dar desdobramento a interrogações que emergiram diante de um campo de experiências, no contexto dos Espaços de Convivência, dispositivo de cuidado destinado ao atendimento intensivo de adolescentes em condição de grave sofrimento psíquico, em um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil - CAPSij. A pesquisa constrói uma travessia em torno da pergunta sobre as possibilidades de se tomar a convivência como ferramenta da clínica no tempo da adolescência levando-se em conta a advertência freudiana acerca dos afetos de hostilidade e aversão que marcam as relações humanas. Inicia-se a partir de um percorrido pelo histórico da constituição da atual Política de Saúde Mental, dando ênfase à sua intencionalidade de viabilizar o (com) viver com a loucura. Tem seguimento com a investigação sobre o significante convivência no campo das políticas públicas e no campo da psicanálise, enfatizando suas incidências para o sujeito. A escolha metodológica faz uso da noção de intervalo enquanto condição de possibilidade para o desenvolvimento da pesquisa, situando as cenas como recurso narrativo e forma de transmissão da experiência. As cenas que são colocadas em análise dão destaque às tensões entre potencialidades e problemáticas que se desenrolaram a partir dos espaços de convivência, tendo como pano de fundo a questão acerca das condições que tornam possível o enlace entre os sujeitos.

This research has the purpose of unfolding the questions that emerged in front of a field of experiences, in the context of Living Spaces, a care device destined to the intensive care of adolescents in severe psychological distress, in a Child Psychosocial Care Center. Juvenile - CAPSij. The research builds a crossing around the question about the possibilities of taking coexistence as a clinical tool during adolescence, taking into account the Freudian warning about the affections of hostility and aversion that mark human relationships. It starts from a journey through the history of the constitution of the current Mental Health Policy, emphasizing its intention to make (with) living with madness. It continues with the investigation of the significant coexistence in the field of public policies and in the field of psychoanalysis, emphasizing its impact on the subject. The methodological choice makes use of the notion of interval as a condition of possibility for the development of the research, placing the scenes as a narrative resource and a way of transmitting the experience. The scenes that are analyzed highlight the tensions between potentials and problems that unfolded from the spaces of coexistence, against the background of the question about the conditions that make the connection between the subjects possible.