Reconhecimento e negação : o não reconhecimento em organização
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Data
2022Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
A pesquisa versa sobre as possibilidades da luta por reconhecimento no contexto brasileiro. O referencial teórico é orientado pelo objetivo de construir um diálogo entre a institucionalidade resultante da formação sócio-histórica brasileira e a teoria da luta por reconhecimento de Axel Honneth. O processo de não-reconhecimento leva à hipótese de uma forma institucional da negação, o que, na linguagem honnethiana, leva ao problema da institucionalização do desrespeito social. A questão de pesqui ...
A pesquisa versa sobre as possibilidades da luta por reconhecimento no contexto brasileiro. O referencial teórico é orientado pelo objetivo de construir um diálogo entre a institucionalidade resultante da formação sócio-histórica brasileira e a teoria da luta por reconhecimento de Axel Honneth. O processo de não-reconhecimento leva à hipótese de uma forma institucional da negação, o que, na linguagem honnethiana, leva ao problema da institucionalização do desrespeito social. A questão de pesquisa recai sobre as configurações do possível enfrentamento ao desrespeito social pelas vítimas, conduzindo à articulação de duas proposições. A primeira encontra na institucionalidade do (não)reconhecimento um núcleo normativo de afirmação e negação, e daí a produção do transitório permanente como lugar social de não-reconhecimento. A segunda lança mão da organização como ‘meio social disponível’ de compartilhamento e elaboração das experiências de desrespeito social capaz de mobilização e canalização do potencial de enfrentamento a negação do tecido social. A pesquisa de campo investiga um meio social disponível em que a exposição ao reconhecimento negativo é estruturante da criação de um campo intersubjetivo formado por “não-reconhecidos” e “perdedores” – figuras antitéticas à subjetivação do agente econômico no sistema competitivo capitalista. O neopentecostalismo aparece como campo privilegiado para esta observação. Os meios de comunicação de massa utilizados para transmissão de cultos e outras modalidades rituais são utilizados como dados para análise, bem como a realização de entrevistas semiestruturadas com integrantes de organizações evangélicas. O objetivo é analisar como as organizações evangélicas pentecostais possibilitam às vítimas do transitório permanente formas de enfrentar a institucionalidade do (não)reconhecimento. O método é o estudo caso com técnica de coleta e registro de dados a partir da observação não-participante, artesanato intelectual e entrevistas semiestruturadas seguidas de análise qualitativa dos dados. Os resultados apontam que as organizações pentecostais ocupam um espaço produzido pela institucionalidade do (não)reconhecimento, e, da perspectiva daqueles submetidos à negação, medeiam uma resposta efetiva às dificuldades e adversidades “desse mundo”. Observa-se, entretanto, que estas organizações tutelam o processo de reflexividade e a construção da ponte semântica de elaboração das experiências de desrespeito social, neutralizam o potencial de enfrentamento coletivo à institucionalidade do (não)reconhecimento – produzido pelo esgotamento das promessas de igualdade social e êxito individual – e reconduzem os sujeitos à ordem social vigente, sob um discurso de transformação e superação individual de problemas que são sociais. ...
Abstract
This research focuses on the possibilities of the struggle for recognition in the Brazilian context. The theoretical framework is guided by the objective of constructing a dialogue between the institutionality resulting from Brazilian socio-historical formation and Axel Honneth's theory of the struggle for recognition. The process of non-recognition leads to the hypothesis of an institutional form of negation, which, in Honnethian language, leads to the problem of the institutionalization of so ...
This research focuses on the possibilities of the struggle for recognition in the Brazilian context. The theoretical framework is guided by the objective of constructing a dialogue between the institutionality resulting from Brazilian socio-historical formation and Axel Honneth's theory of the struggle for recognition. The process of non-recognition leads to the hypothesis of an institutional form of negation, which, in Honnethian language, leads to the problem of the institutionalization of social disrespect. The research question falls on the configurations of possible coping with social disrespect by victims, leading to the articulation of two propositions. The first one finds in the institutionality of (non)recognition a normative nucleus of affirmation and denial, and hence the production of the permanent transience as a social place of nonrecognition. The second takes organization as an 'available social milieu' for sharing and elaborating the experiences of social disrespect, capable of mobilizing and channeling the potential for confronting the denial of the social fabric. The field research investigates an available social milieu in which exposure to negative recognition is structuring the creation of an intersubjective field formed by "unrecognized" and "losers" - figures antithetical to the subjectivation of the economic agent in the competitive capitalist system. Neo-Pentecostalism appears as a privileged field for this observation. The mass media used to broadcast services and other ritual modalities are used as data for analysis, as well as semi-structured interviews with members of evangelical organizations. The objective is to describe and understand the different mediations in occurrences of reconcretized recognition, the way in which the latter is promoted by Pentecostal religious organizations, effectively confronting the normatization of social disrespect. The method is the case study with data collection and recording techniques based on observation, intellectual craftsmanship, and semi-structured interviews followed by qualitative data analysis. The results point out that Pentecostal organizations occupy a space produced by the institutionality of (non)recognition, and, from the perspective of those submitted to denial, mediate an effective response to the difficulties and adversities of "this world. It is observed, however, that these organizations take the reflexivity process over and manage the construction of the semantic bridge of elaboration of the experiences of social disrespect, neutralizing the potential of collective confrontation to the institutionality of (non)recognition, produced by the exhaustion of the promises of social equality and individual success, and leading the subjects back to the social order in force, under a discourse of transformation and individual overcoming of social problems. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Administração. Programa de Pós-Graduação em Administração.
Coleções
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Ciências Sociais Aplicadas (6097)Administração (1959)
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