"Mas guardemos isso : não há língua má" : as línguas na teoria da linguagem de Benveniste

Abstract

Esta tese discorre sobre a presença das línguas no âmbito da reflexão linguística de Émile Benveniste. O objetivo geral do trabalho é mostrar os termos pelos quais as línguas, em sua diversidade, operam na teoria da linguagem desenvolvida por Benveniste, ou seja, refletir acerca da função que a diversidade das línguas desempenha nas teorizações desse linguista. A hipótese que este trabalho visa verificar prevê que, de um lado, as línguas desempenham o papel de operador da teorização de Benveniste, consistindo, desse modo, em um mecanismo que permite a tomada de decisões, e, de outro, são o locus primordial e constante da teorização, sendo imprescindíveis para o estabelecimento de todo e qualquer saber sobre a linguagem na perspectiva do autor. Para atingir o objetivo e comprovar a hipótese, a investigação realizada principia por uma reflexão acerca do que é uma língua, uma delimitação necessária para o estabelecimento de um inventário das línguas mencionadas por Benveniste em sua obra. Também são identificados os preceitos metodológicos que guiam Benveniste na realização de análises linguísticas. A partir disso, empreende-se a apreciação de algumas das instâncias específicas em que o uso das línguas figura com destaque, evidenciando o modo como as línguas operam na teoria da linguagem benvenistiana, permitindo, ao linguista, a comprovação de hipóteses e a formulação de teorizações. A observação da função desempenhada pelas línguas no contexto examinado permite, por fim, a realização de uma discussão sobre a relação entre as particularidades das línguas, as propriedades gerais que as unem e o aspecto universal da presença do homem na língua, evidenciado pela enunciação, revelando que essas três perspectivas são imprescindíveis para o pensamento do linguista. Assim, esta tese coloca em evidência o papel fundamental da diversidade das línguas, pois fica comprovado que as línguas são o ponto de partida e o fundamento primordial para a instauração da teoria da linguagem de Benveniste.

This thesis addresses the presence of languages within Émile Benveniste's reflection on language. The general objective of the study is to show the terms by which the different languages operate in the theory of language developed by Benveniste, that is, to reflect on the function fulfilled by the diversity of languages in the theoretical ideas of this linguist. The hypothesis that guides this research is that, on the one hand, languages occupy the role of operator in Benveniste's theorization, thus consisting in a mechanism that allows decision making, and, on the other hand, they are the primordial and constant locus of theorization – they are essential to establish any and all knowledge about language from the author's perspective. In order to reach the objective and prove the hypothesis, the study begins with a reflection on what is a language, a definition that is necessary to establish an inventory of the languages mentioned by Benveniste in his work. The methodological principles that guide Benveniste’s linguistic analysis are also identified. Accordingly, some specific instances in which languages are used prominently in Benveniste's theory of language are highlighted, demonstrating the way languages operate in this context, allowing the linguist to prove hypotheses and advance theoretical ideas. Finally, the observation of the role performed by languages in the context under investigation allows a discussion about the relationship between the particularities of languages, the general properties that unite them and the universal aspect of the presence of man in language, evidenced by enunciation, revealing that these three perspectives are essential for the linguist's thinking. Therefore, this thesis highlights the fundamental role of the diversity of languages, as it proves that languages are the starting point and the essential foundation for the establishment of Benveniste's theory of language.

Cette thèse traite de la présence des langues dans le cadre de la réflexion linguistique d’Émile Benveniste. L’objectif général du travail est de montrer les termes par lesquels les langues, dans leur diversité, opèrent dans la théorie du langage développée par Benveniste, c’est-à dire, de réfléchir sur la fonction qu’exerce la diversité des langues dans les théorisations de ce linguiste. L’hypothèse à vérifier dans ce travail prévoit que, d’une part, les langues jouent le rôle d’opérateur de la théorisation de Benveniste, consistant ainsi en un mécanisme qui permet la prise de décisions ; et, d’autre part, les langues sont le locus primordial et constant de la théorisation, étant indispensables à l’établissement de toute connaissance sur le langage dans la perspective de l’auteur. Pour atteindre l’objectif et pour prouver l’hypothèse, la recherche menée commence par une réflexion sur ce qu’est une langue, une délimitation nécessaire à l’établissement d’un inventaire des langues mentionnées par Benveniste dans son œuvre. Les préceptes méthodologiques qui guident Benveniste dans la réalisation des analyses linguistiques sont également identifiés. À partir de cela, on entreprend l’évaluation de certaines instances spécifiques dans lesquelles l’usage des langues est mis en évidence, en montrant la façon dont les langues opèrent dans la théorie du langage de Benveniste ; puisque les langues permettent, au linguiste, de prouver des hypothèses et de formuler des théorisations. L’observation de la fonction exercée par les langues dans le contexte examiné permet, enfin, la réalisation d’une discussion sur la relation entre les particularités des langues, les propriétés générales qui les unissent et l’aspect universel de la présence de l’homme dans la langue, mis en évidence par l’énonciation, en révélant que ces trois perspectives sont indispensables à la pensée du linguiste. Ainsi, cette thèse met en évidence le rôle fondamental de la diversité des langues, puisqu’il reste prouvé que les langues sont le point de départ et le fondement primordial de l’établissement de la théorie du langage de Benveniste.