Repensar a relação sociedade-ambiente : um olhar para o ofuscado e o infinito na sustentabilidade
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Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Um dos principais desafios para as sociedades contemporâneas é realizar as mudanças necessárias, ou mesmo, se transformar para adquirir a condição de ser sustentável, mas isso é uma tarefa complexa. Para se ter uma ideia dessa complexidade, o debate sobre a sustentabilidade tem reverberado em vários âmbitos da sociedade, como por exemplo, nas diversas agendas políticas ocidentais e orientais, entre as bandeiras levantadas nas mobilizações e lutas dos movimentos sociais, bem como nos relatórios ...
Um dos principais desafios para as sociedades contemporâneas é realizar as mudanças necessárias, ou mesmo, se transformar para adquirir a condição de ser sustentável, mas isso é uma tarefa complexa. Para se ter uma ideia dessa complexidade, o debate sobre a sustentabilidade tem reverberado em vários âmbitos da sociedade, como por exemplo, nas diversas agendas políticas ocidentais e orientais, entre as bandeiras levantadas nas mobilizações e lutas dos movimentos sociais, bem como nos relatórios socioambientais das empresas e nas premissas e objetivos de órgãos internacionais. Para lidar com a complexidade, utilizam-se reducionismos para qualificar elementos e relações que serão utilizados para constituir e manter uma determinada compreensão da realidade (o princípio de seleção também é o princípio de exclusão). Logo, outras possibilidades e alternativas de compreensão de um determinado fenômeno são desqualificadas e ofuscadas, bem como, ignora-se a existência de um infinito de possibilidades para qualquer fenômeno complexo. Este entendimento sugere que existem fragilidades em toda tentativa de solucionar as demandas da sustentabilidade devido à necessidade de aplicar a redução para lidar com a complexidade do tema. Assim, é notório observar que as sociedades experimentam contingências conforme adotam uma forma de interpretar o todo e, portanto, não é possível compreender a complexidade da sustentabilidade sem questionar como são interpretados e atribuídos os significados a relação sociedade-ambiente. Por isso, o objetivo da tese é analisar os efeitos dos mecanismos de redução da complexidade sobre a compreensão da relação sociedade-ambiente e, como isso, afeta a capacidade de uma sociedade ser sustentável. Essa análise só tem sentido quando se parte do princípio de que não há uma única forma de compreender essa relação e que as formas alternativas sinalizam possibilidades e outras formas de lidar com a complexidade da sustentabilidade. Nesse sentido, recentemente assistiu-se a ascensão da cosmovisão indígena amazônica na América Latina através dos princípios do Sumak Kawsay que acabou ingressando na Constituição Federal do Equador. Em um primeiro momento, esses princípios foram colocados como uma alternativa ao desenvolvimento capitalista (reducionismo), mas ele é muito mais amplo, uma cosmovisão que apresenta uma outra forma de ver os sujeitos, a relação entre eles, a relação com a natureza e como tudo isso está interligado no fluxo da vida. Como resultado, o Sumak Kawsay sofreu reducionismos ao longo da sua jornada até adentrar a carta magna equatoriana e, tal fato, esvaziou todo o sentido e significado da cosmovisão dos povos originários, mas em sua concepção original ele guarda potencialidade para produzir a guinada ontológica necessária para que se alcance uma sustentabilidade em sentido complexo. ...
Abstract
One of the main challenges for contemporary societies is to carry out the necessary changes, or even to transform in order to acquire the condition of being sustainable, but this is a complex task. To get an idea of this complexity, the debate on sustainability has reverberated in various areas of society, such as in the various western and eastern political agendas, among the themes raised in the mobilizations and struggles of social movements, as well as in socio-environmental reports of comp ...
One of the main challenges for contemporary societies is to carry out the necessary changes, or even to transform in order to acquire the condition of being sustainable, but this is a complex task. To get an idea of this complexity, the debate on sustainability has reverberated in various areas of society, such as in the various western and eastern political agendas, among the themes raised in the mobilizations and struggles of social movements, as well as in socio-environmental reports of companies and in the objectives of the international organizations. To deal with complexity, reductionisms are used to qualify elements and relationships that will be used to constitute and maintain a certain world view (the principle of selection is also the principle of exclusion). Therefore, other possibilities and alternatives for understanding a given phenomenon are disqualified and overshadowed, as well as they are ignoring the existence of an infinite number of possibilities for any complex phenomenon. This understanding suggests that there are weaknesses in every attempt to solve the demands of sustainability due to the need to apply reduction to deal with the complexity of this phenomenon. Thus, it is notorious to observe that societies experience contingencies as they adopt a way of interpreting the whole and, therefore, it is not possible to understand the complexity of sustainability without questioning how meanings are interpreted and attributed to the society-environment relationship. Therefore, the aim of this thesis is to analyze the effects of complexity reduction mechanisms on the understanding of the society-environment relationship and, how this affects the capacity of a society to be sustainable. This analysis only makes sense when it is assumed that there is no single way of understanding this relationship and alternative ways indicate other possibilities of dealing with the complexity of sustainability. In this sense, we have recently witnessed the rise of the indigenous Amazonian cosmovision in Latin America through the principles of Sumak Kawsay, which ended up being incorporated into the Federal Constitution of Ecuador. At first, these principles were presented as an alternative to capitalist development (reductionism), but it is much broader, a cosmovision that presents another way of seeing subjects, the relationship between them, the relationship with nature and how all of these are intertwined in the flow of life. As a result, Sumak Kawsay suffered reductionisms throughout its journey until it entered in the Ecuadorian Constitution and, as a result, emptied all sense and significance of the cosmovision of the native peoples, but in its original conception it retains the potential to produce the necessary ontological shift to achieve sustainability in a complex sense. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Administração. Programa de Pós-Graduação em Administração.
Coleções
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Ciências Sociais Aplicadas (6097)Administração (1959)
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