Histórico de uso de drogas em uma coorte de gestantes vivendo com HIV em Porto Alegre : desafios para os serviços de saúde

Abstract

Introdução: A epidemia do HIV vem atingindo cada vez mais mulheres em idade reprodutiva. O aumento dos casos da doença em mulheres preocupa autoridades públicas, especialmente porque está atrelado ao aumento do número de crianças infectadas por HIV/AIDS, através da transmissão vertical do HIV (TVHIV). Objetivo: Analisar os casos de gestantes vivendo com HIV e com histórico de uso de drogas injetáveis em Porto Alegre. Metodologia: Trata-se de um recorte de um estudo de coorte que contemplou gestantes vivendo com HIV/Aids no município de Porto Alegre, RS, entre 2007 a 2017. Resultados: Um total de 7.088 gestantes vivendo com HIV notificadas em Porto Alegre foram avaliadas. Estas mulheres possuíam, em sua maioria, 26 anos ou menos (53,1%), com raça/cor autodeclarada branca (53,4%), e possuíam menos de 8 anos de estudo (79,9%). Deste total, 566 apresentaram histórico de uso de drogas injetáveis (8% da amostra total). As gestantes UDI apresentaram idade gestacional mais avançada no início do pré-natal e no início da TARV, quando comparadas com a amostra total. Em 9,4% dos casos de gestantes UDI, houve a transmissão vertical do HIV. Considerações finais: O uso de drogas injetáveis por parte das gestantes vivendo com HIV/Aids é um desafio para os serviços de saúde. As equipes devem estar preparadas e atualizadas para lidar com o desafio da dependência química durante a gravidez, já que as usuárias tendem a omitir o uso, abuso ou dependência por medo, vergonha ou temor de repreensão e desaprovação por parte dos profissionais de saúde.

Introduction: The HIV epidemic is reaching more women of reproductive age. The increase in cases of the disease in women worries public authorities, especially because it is linked to the increase in the number of children infected with HIV/AIDS, through vertical transmission of HIV (TVHIV). Objective: To analyze the cases of pregnant women living with HIV and with a history of injecting drug use in Porto Alegre. Methodology: This is an excerpt from a cohort study that included pregnant women living with HIV/AIDS in the city of Porto Alegre, RS, between 2007 and 2017. Results: A total of 7,088 pregnant women living with HIV notified in Porto Alegre were evaluated. These women were mostly 26 years old or younger (53.1%), with self-declared white race/color (53.4%), and had less than 8 years of education (79.9%). Of this total, 566 had a history of injecting drug use (8% of the total sample). IDU pregnant women had a more advanced gestational age at the beginning of prenatal care and at the beginning of HAART, when compared to the total sample. In 9.4% of the cases of IDU pregnant women, there was vertical transmission of HIV. Final considerations: The use of injecting drugs by pregnant women living with HIV/AIDS is a challenge for health services. Teams must be prepared and updated to deal with the challenge of chemical dependence during pregnancy, as users tend to omit use, abuse or dependence out of fear, shame or fear of reprimand and disapproval by health professionals.