Ceratoconjuntivite em ovinos : estudo de casos e controles

Abstract

O confinamento de cordeiros é uma alternativa para a padronização e escala de venda dos produtos da ovinocultura. Entretanto alguns problemas sanitários ocorrem com maior frequência nesse sistema, sendo um deles a ceratoconjuntivite. Essa enfermidade é conhecida há bastante tempo, principalmente em bovinos, embora estudos relacionados a ela no Rio Grande do Sul sejam escassos. Sendo assim, o presente estudo objetivou identificar os agentes etiológicos e os fatores epidemiológicos envolvidos em um surto de ceratoconjuntivite em um confinamento de ovinos e avaliar o uso da profilaxia antimicrobiana como medida sanitária de prevenção de novos casos. O estudo foi conduzido em um confinamento de cordeiros em São Lourenço do Sul – RS, onde foi diagnosticado o surto. Em um primeiro momento, os animais foram distribuídos em três grupos de acordo com a gravidade da lesão ocular e foram coletadas 23 amostras de secreções oculares para identificação de bactérias aeróbias e da ordem Mollicutes. Além disso, foram avaliados os fatores epidemiológicos envolvidos no surto como: a cama de casca de arroz utilizada nas baias, presença de insetos voadores, alimentação dos animais, destino de dejetos, manejos e instalações. Foram identificadas nas amostras bactérias do gênero Moraxella sp. e Mycoplasma sp.. No segundo momento, um lote recém chegado no confinamento foi distribuído em três grupos nos quais um grupo não recebeu tratamento, um grupo recebeu tratamento com Oxitetraciclina e o outro grupo recebeu tratamento com Tilmicosina. Esses animais foram avaliados por cinco semanas e, conforme o aparecimento de lesões de ceratoconjuntivite, foram coletadas amostras de secreções oculares. Todos os animais apresentaram sinais clínicos de ceratoconjuntivite ao longo das cinco semanas, e os mesmos gêneros bacterianos foram encontrados. Como conclusão, os agentes etiológicos que podem estar presentes no surto de ceratoconjuntivite foram: Moraxella sp., Mycoplasma conjuntivae e Mycoplasma agalactiae. Os fatores epidemiológicos estavam diretamente relacionados com o desencadeamento do surto e a terapia profilática antimicrobiana não foi eficaz na prevenção de novos casos.

Lamb feedlot is an alternative for the standardization and sales scale of sheep products; However, some health problems occur more frequently in this system, as keratoconjunctivitis. This disease has been known for a long time, especially in cattle, although studies in Rio Grande do Sul are scarce. Thus, the present study aimed to identify the etiological agents and epidemiological factors involved in an outbreak of keratoconjunctivitis in a lamb feedlot and to evaluate the use of antimicrobial prophylaxis as a sanitary measure to prevent new cases. The study was conducted in a lamb feedlot in São Lourenço do Sul - RS, where the outbreak was diagnosed. At first, the animals were allocated into three groups according to the severity of the eye injury and 23 samples of eye secretions were collected for identification of aerobic and Mollicutes bacteria. In addition, the epidemiological factors involved in the outbreak were evaluated, such as the rice husk bed used in the stalls, the presence of flying insects, animal feed, waste disposal, management and facilities. Bacteria of the genus Moraxella sp. and Mycoplasma sp. were identified in the semples. At the second moment, a newly arrived batch in the confinement was allocated into three groups receiving no treatment, Oxitetracycline or Tilmicosin. These animals were evaluated for five weeks and, according to the appearance of keratoconjunctivitis lesions, samples of ocular secretions were collected. All animals showed clinical signs of keratoconjunctivitis over the five weeks, and the same bacterial genera were found. In conclusion, the etiological agents that may be present in the keratoconjunctivitis outbreak were: Moraxella sp., Mycoplasma conjunctivae and Mycoplasma agalactiae. Epidemiological factors were directly related to outbreak triggering and prophylactic antimicrobial therapy was not effective in preventing new cases.