Os mapas nos movimentos políticos da arte no Grajaú : território e cotidiano na periferia de São Paulo

Abstract

O Grajaú é um distrito da cidade de São Paulo, caracterizado pela concentração de favelas, a presença da represa Billings, a numerosa população e a intensa produção de arte. Embora o território esteja historicamente condicionado aos processos de marginalização, a arte presente nos muros, nos estabelecimentos, nas praças públicas, é elemento centralizador das dinâmicas locais, pois a partir dela os moradores são mobilizados e dinamizam com eles o território inteiro do distrito. Com isto objetiva-se evidenciar a arte como elemento ativo na formação do espaço geográfico, o que pode caracterizar um uso do território. Para isso é necessário compreender quais processos dão originem à presente realidade, como se desenrolam no cotidiano da população local e como se relacionam com os fluxos da cidade. Por isso adotou-se o método materialista histórico-dialético regressivo- progressivo, pautado na caracterização do presente, regresso ao passado e retorno a esse presente compreendido e analisado para que o futuro possa ser deslumbrado. Alguns coletivos organizados no território concederam entrevistas para esta investigação e assim permitiram o aprofundamento no cotidiano local. Ficou nítido que as ações não se encerram no tempo, mas são perpetuadas pelas gerações, por isso é necessária a manutenção e a permanência desses coletivos de arte, que conseguem se manter ativos a partir do acesso às políticas públicas de fomento à cultura e a alguns investimentos privados. Ao pensar nisto, evoca-se a cartografia como ferramenta de representação e articulação da arte no território. Os mapas, aplicados aos movimentos políticos culturais do Grajaú, podem representar a territorialização da arte e fundamentar estratégias para constante expansão das lutas populares por participação, cidadania e dignidade.

Grajaú is a district in the city of São Paulo, characterized by the concentration of favelas, the presence of the Billings dam, a large population and an intense production of art. Although the territory is historically conditioned by processes of marginalization, the art present on the walls, in establishments, in public squares, is a centralizing element of local dynamics, as through it residents are mobilized and dynamize the entire territory with them. With this, the objective is to highlight art as an active element in the formation of geographic space, which can characterize a use of the territory. To do this, it is necessary to understand which processes originate in the present reality, how they unfold in the daily lives of the local population and how they relate to the city's flows. Therefore, we think about the regressive-progressive historical-dialectic materialist method, based on the characterization of the present, return to the past and return to the present understood and analyzed, so that the future can be dazzled. Some collectives organized in the territory granted interviews for this investigation and allowed us to delve deeper into local daily life. It was clear that actions do not end in time, but are perpetuated through generations, which is why the maintenance and permanence of art collectives is necessary, which allows them to remain active through access to public policies to promote culture and some private investments. When thinking about this, cartography is evoked as a tool for representing and articulating art in the territory. The maps applied to Grajaú's cultural political movements can represent the territorialization of art and fundamental strategies for the constant expansion of popular struggles for participation, citizenship and dignity.