Avaliação do eletrocardiograma do jogador de futebol brasileiro : um estudo observacional multicêntrico
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Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Fundamento: O eletrocardiograma de repouso de 12 derivações (ECG-12) é essencial na avaliação pré-participação (APP) de atletas. No entanto, a prevalência de achados do ECG-12 em jogadores de futebol brasileiros de diferentes etnias é desconhecida. Objetivos: Estudo 1: Comparar a prevalência do padrão “Africano/Afro-Caribenho”, caracterizado por inversão da onda T nas derivações V1-V4 precedida por elevação convexa do segmento ST, entre jogadores negros e pardos, avaliando os resultados do ecoc ...
Fundamento: O eletrocardiograma de repouso de 12 derivações (ECG-12) é essencial na avaliação pré-participação (APP) de atletas. No entanto, a prevalência de achados do ECG-12 em jogadores de futebol brasileiros de diferentes etnias é desconhecida. Objetivos: Estudo 1: Comparar a prevalência do padrão “Africano/Afro-Caribenho”, caracterizado por inversão da onda T nas derivações V1-V4 precedida por elevação convexa do segmento ST, entre jogadores negros e pardos, avaliando os resultados do ecocardiograma (ECO). Estudo 2: Investigar a prevalência de ECG-12 anormais e associá-los a exames de imagem (ECO e, em alguns casos, ressonância magnética cardíaca [RMC]) em jogadores de futebol brasileiros de diferentes etnias. Estudo 3: Comparar a prevalência de achados normais do ECG-12 nesta mesma amostra de atletas. Métodos: Estudo observacional multicêntrico com 6.125 jogadores do sexo masculino (15-35 anos de idade) de 82 clubes profissionais das cinco regiões do Brasil (18 estados e 56 cidades). Os exames foram realizados como APP entre 18 de fevereiro de 2002 e 18 de setembro de 2023. Resultados: Um total de 2.496 brancos, 2.004 pardos e 1.625 negros foram incluídos. No Estudo 1, observamos uma frequência mais acentuada do padrão “Africano/Afro- Caribenho” nos jogadores negros (1,8%) em comparação com jogadores pardos (0,3%), com razão de prevalência de 5,96 (P < 0,0001). Os resultados ecocardiográficos foram normais em ambos os grupos. No Estudo 2, 180 (3%) jogadores apresentaram um ECG- 12 anormal, sendo que 176 (98%) evidenciaram ECO normal. Os atletas negros exibiram uma maior prevalência de inversão da onda T nas derivações V5 (2,9%) e V6 (2,1%) em comparação aos atletas brancos (1,2% e 1,0%) ou pardos (1,5% e 1,2%), respectivamente. Dos 75 atletas com inversão da onda T ínfero-lateral, 4 (5,3%) exibiram ECOs anormais. Destes, um atleta tinha insuficiência aórtica grave, e os outros três apresentaram cardiomiopatia hipertrófica apical ou cardiomiopatia não compactada, todas identificadas pela RMC. Já entre outros quatro jogadores com inversão da onda T ínfero-lateral e ECOs normais, a RMC diagnosticou cardiomiopatia hipertrófica em dois casos, cardiomiopatia não compactada em um, e miocardite em outro. No Estudo 3, a hipertrofia do ventrículo esquerdo foi mais prevalente em negros (41,7%) do que em brancos (31,7%) ou pardos (34,1%). O padrão de repolarização precoce foi mais comum em atletas negros (48,2%) do que em atletas brancos (34,3%) ou pardos (40,5%). No entanto, os jogadores brancos apresentaram maior prevalência de bloqueio incompleto do ramo direito (15,3%) em comparação com jogadores pardos (11,4%) e negros (9,8%). Conclusões: A prevalência do padrão “Africano/Afro-Caribenho” em jogadores negros foi significativamente menor do que a descrita em atletas negros nas coortes internacionais. Na amostra total do estudo, a prevalência de ECG-12 anormal foi de 3%. A inversão da onda T ínfero-lateral foi associada a doenças identificadas pela RMC, mesmo quando o ECO era normal. Finalmente, atletas negros apresentaram maior prevalência de alterações descritas como fisiológicas no ECG-12, sendo estas induzidas pelo exercício intenso realizado em bases crônicas, em comparação com atletas brancos e pardos. ...
Abstract
Background: The 12-lead resting electrocardiogram (ECG-12) is essential in the preparticipation screening of athletes. However, the prevalence of ECG-12 findings in Brazilian football players of different ethnicities in unknown. Objectives: Study 1: To compare the prevalence of the ‘African/Afro-Caribbean’ pattern, characterized by T-wave inversion in leads V1-V4 preceded by convex STsegment elevation, between black and mixed-race players, evaluating echocardiogram (ECHO) results. Study 2: To i ...
Background: The 12-lead resting electrocardiogram (ECG-12) is essential in the preparticipation screening of athletes. However, the prevalence of ECG-12 findings in Brazilian football players of different ethnicities in unknown. Objectives: Study 1: To compare the prevalence of the ‘African/Afro-Caribbean’ pattern, characterized by T-wave inversion in leads V1-V4 preceded by convex STsegment elevation, between black and mixed-race players, evaluating echocardiogram (ECHO) results. Study 2: To investigate the prevalence of abnormal ECG-12 findings and associate them with imaging exams (ECHO and, in some cases, cardiac magnetic resonance [CMR]) in Brazilian football players of different ethnicities. Study 3: To compare the prevalence of normal ECG-12 findings in the same sample of athletes. Methods: Multicenter observational study with 6,125 male players (15-35 years old) from 82 professional clubs in the five regions of Brazil (18 states and 56 cities). The exams were carried out as preparticipation screening between February 18, 2002 and September 18, 2023. Results: A total of 2,496 white, 2,004 mixed-race, and 1,625 black players were included. In Study 1, we observed a more pronounced frequency of the ‘African/Afro- Caribbean’ pattern in black players (1.8%) compared to mixed-race players (0.3%), with a prevalence ratio of 5.96 (P < 0.0001). ECHO results were normal in both groups. In Study 2, 180 (3%) players had an abnormal ECG-12, with 176 (98%) having a normal ECHO. Black athletes had a higher prevalence of T-wave inversion in leads V5 (2.9%) and V6 (2.1%) compared to white (1.2% and 1.0%) or mixed-race athletes (1.5% and 1.2%), respectively. Of the 75 athletes with inferolateral T-wave inversion, 4 (5.3%) exhibited abnormal ECHOs. Of these, one athlete had severe aortic insufficiency, and the other three had apical hypertrophic cardiomyopathy or non-compaction cardiomyopathy, all identified by CMR. Among other four players with inferolateral Twave inversion and normal ECHOs, CMR diagnosed hypertrophic cardiomyopathy in two cases, non-compaction cardiomyopathy in one, and myocarditis in another. In Study 3, left ventricular hypertrophy was more prevalent in black players (41.7%) than in white (31.7%) or mixed-race players (34.1%). The early repolarization pattern was more common in black athletes (48.2%) than in white (34.3%) or mixed-race (40.5%) athletes. However, white players had a higher prevalence of incomplete right bundle branch block (15.3%) compared to mixed-race (11.4%) and black (9.8%) players. Conclusions: The prevalence of the ‘African/Afro-Caribbean’ pattern in black players was significantly lower than that described in black athletes in international cohorts. In the total study sample, the prevalence of abnormal ECG-12 was 3%. Inferolateral Twave inversion was associated with cardiac diseases identified by CMR, even when the ECHO was normal. Lastly, black athletes exhibited a higher prevalence of changes described as physiological on the ECG-12, induced by intense exercise performed on a chronic basis, compared to white and mixed-race athletes. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares.
Coleções
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Ciências da Saúde (9127)
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