Avaliação da razão entre os receptores mineralocorticoides e glicocorticoides, FKBP51 e citocinas em estruturas chave para a resposta ao estresse e para a evocação de uma memória aversiva remota

Abstract

Indivíduos estressados podem apresentar desfechos adaptativos e maladaptativos, o estresse neonatal por separação materna (SM) é capaz de afetar o desenvolvimento cognitivo e emocional, em que um evento no início da vida pode ter consequências duradouras, modificando estruturas e redes neurais que participam em funções importantes, como a memória e a resposta psicogênica ao estresse. Dentre essas estruturas se destacam o córtex prélímbico (PrL), o hipocampo e a amígdala. A resposta ao estresse utiliza da sinalização de receptores de mineralocorticoides e glicocorticoides para o ajuste neuroendócrino às demandas geradas. Esta sinalização é afetada pelo nível de expressão da FKBP51. Estes receptores têm papel chave na consolidação, evocação de memórias. Neste trabalho se verificou se o estresse por SM é capaz de afetar o congelamento e o fenótipo bioquímico de animais submetidos ao condicionamento aversivo ao contexto, foram testadas a discriminação contextual, generalização e evocação remotas. A SM ocorreu do dia pós-natal 1 até o dia pós-natal 10, com duração de 3 horas/dia. O condicionamento aversivo ao contexto consistia em uma sessão de treino, aproximadamente, no dia pós-natal 70, seguida da exposição a um novo contexto 24 horas depois. teste de generalização consista em um teste no contexto da discriminação 28 dias após a aquisição e o teste da memória remota ocorreu 24 horas após o teste da discriminação remota. Se observou que ambos os sexos apresentavam prejuízos na discriminação. No teste de generalização e da memória remota os dados das fêmeas treinadas sugerem o fenômeno da generalização e a reativação. As fêmeas demonstraram maiores TNFalfa e IL1beta no PrL nos grupos SM e treino quando comparadas aos demais. Não foram encontradas diferenças entre os receptores de corticosteroides e da FKBP51 nos grupos. Os dados sugerem que as fêmeas são mais propensas a codificar, consolidar e generalizar uma memória aversiva, assim como podem ter efeitos cumulativos no aumento do TNFalfa e IL1beta no PrL das fêmeas submetidas ao estresse no início da vida e durante a fase adulta.

Stressed individuals can present adaptive and maladaptive outcomes, neonatal stress due to maternal separation (SM) can affect cognitive and emotional development, in which an event early in life can have lasting consequences, modifying structures and neural networks that participate in functions such as memory and the psychogenic response to stress. Among these structures, the Prelimbic Cortex (PrL), Hippocampus and Amygdala stand out. The stress response uses the signaling of mineralocorticoid and glucocorticoid receptors for the neuroendocrine adjustment to the generated demands. This signaling is affected by the expression level of FKBP51. These receptors play a key role in consolidating and recalling memories. In this work, it was verified whether SM stress can affect freezing and the biochemical phenotype of animals submitted to context aversive conditioning. Contextual discrimination, generalization and remote evocation were tested. MS occurred from postnatal day 1 to postnatal day 10, lasting 3h/day. Context-aversive conditioning consisted of a training session on approximately postnatal day 70, followed by exposure to a new context 24 horas later. The generalization test consisted of a test in the context of discrimination 28 days after acquisition and the remote memory test occurred 24 horas after the remote discrimination test. It was observed that both sexes presented impairments in discrimination. In the generalization and remote memory test, data from trained females suggest the phenomenon of generalization and reactivation, respectively. Females showed higher TNFalpha and IL1beta in PrL in the SM and training groups when compared to the other groups. No differences were found between corticosteroid and FKBP51 receptors between groups. The data suggest that females are more likely to encode, consolidate and generalize an aversive memory, as well as having cumulative effects on the increase of TNFalpha and IL1beta in the PrL of females subjected to stress in early life and during adulthood.