Trabalho por plataforma : a precarização dos pequenos empreendedores e as possibilidades de resistência

Abstract

Em uma sociedade já marcada por intensa desigualdade econômica como a brasileira, a análise das assimetrias nas relações de trabalho é fundamental e possui um potencial transformador sobre a matriz social. A presente pesquisa, aborda as relações de trabalho causadas pelo fenômeno crescente da plataformização, qual se caracteriza pela precarização e flexibilização dos direitos trabalhistas, porém pela visão do empreendedor que se utiliza destas ferramentas digitais como intermediário para fornecer os seus produtos. Para tanto, utilizou-se o método qualitativo, por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com 4 empresários do ramo alimentício. A análise dos diálogos, deu-se através de três categorias que abordam questões como plataformização, empreendedorismo e redes de resistência e alternativas. Desta forma, identificou-se a motivação para o uso das plataformas digitais, como a mudança da experiência dos clientes através do uso dessas ferramentas e o atingimento de novos públicos. Mas, expondo os seus receios, como a falta de suporte técnico, retenção dos dados dos clientes e a dependência desde modelo que influencia diretamente no funcionamento dos seus empreendimentos. Os empresários compreendem a importância de redes de cooperação para o desenvolvimento, participando de projetos coletivos com compartilhamento de experiências. Relataram a busca de alternativas à plataformização pois se consideram explorados, como contato direto com o cliente se utilizando de outros canais, preços diferenciados e investimentos na modalidade presencial de atendimento. Por fim, elucidaram a utilização de cooperativas de entregadores, mesmo que a preocupação inicial seja a qualidade da entrega dos seus produtos e resguardo jurídico, demonstraram preocupação com as condições desses trabalhadores.

In a society already marked by intense economic inequality like Brazil's, the analysis of asymmetries in labor relations is fundamental and holds transformative potential over the social fabric. This research addresses labor relations stemming from the growing phenomenon of platformization, characterized by the precarization and flexibilization of labor rights. However, it approaches it from the perspective of the entrepreneur who utilizes these digital tools as intermediaries to provide their products. To do so, the qualitative method was employed, through semi-structured interviews conducted with 4 entrepreneurs in the food industry. The analysis of the dialogues was conducted through three categories that address issues such as platformization, entrepreneurship, and networks of resistance and alternatives. In this way, the motivation for the use of digital platforms was identified, such as changing the customer experience through the use of these tools and reaching new audiences. However, exposing their concerns, such as the lack of technical support, retention of customer data, and dependence on this model that directly influences the operation of their businesses. The entrepreneurs understand the importance of cooperation networks for development, participating in collective projects with shared experiences. They reported seeking alternatives to platformization as they consider themselves exploited, such as direct contact with the customer using other channels, differentiated pricing, and investments in face-to-face service modalities. Finally, they mentioned the use of delivery cooperatives, even though their initial concern is the quality of the delivery of their products and legal protection, they demonstrated concern for the conditions of these workers.