Mulheres com ostomia devido ao câncer colorretal : impacto na sexualidade

Abstract

Introdução: A sexualidade é uma característica intrínseca ao ser humano e constitui um dos principais componentes da qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade abrange diversas dimensões e influencia pensamentos, sentimentos e comportamentos, além de interagir com fatores biológicos, psicológicos e espirituais. Um número significativo de pacientes com câncer colorretal necessita de ostomia, seja permanente ou temporária, como parte do tratamento, o que pode impactar tanto a qualidade de vida quanto a sexualidade dessas mulheres. Objetivo: Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto da ostomia na sexualidade de mulheres com câncer colorretal, utilizando o questionário FSFI (Female Sexual Function Index) e a Escala de Autoestima de Rosenberg. Além disso, foi conduzida uma pesquisa qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas, focadas nos impactos da ostomia na sexualidade, explorando aspectos emocionais, familiares e profissionais. Método: Trata-se de um estudo observacional transversal de uma série de casos, com uma amostra composta por mulheres diagnosticadas com neoplasia colorretal que necessitaram de ostomia em algum momento entre janeiro de 2016 e dezembro de 2021. Resultados: As mulheres enfrentam uma jornada complexa ao aprender a conviver com a ostomia decorrente do câncer colorretal. Os resultados indicam que parece não haver um impacto significativo da ostomia na sexualidade nesta amostra. No entanto, foi observada uma associação direta entre autoestima e desejo sexual. A análise qualitativa revela que, apesar do sentimento inicial de aversão à nova condição corporal, as mulheres conseguem encontrar uma nova normalidade com o tempo e com o apoio adequado. O suporte emocional oferecido por profissionais de saúde proporciona um espaço seguro para a expressão de preocupações, enquanto o apoio familiar é essencial para a adaptação. Conclusão: O conhecimento gerado por este estudo pode contribuir para que os profissionais de saúde ofereçam um cuidado mais abrangente às mulheres com câncer colorretal ostomizadas, auxiliando-as na preservação de sua sexualidade. Além disso, destaca-se a necessidade de desenvolver novas ferramentas mais abrangentes para avaliar populações onde a ausência de atividade sexual é predominante.

Introduction: Sexuality is an intrinsic characteristic of human beings and constitutes one of the main components of quality of life. According to the World Health Organization (WHO), sexuality encompasses various dimensions and influences thoughts, feelings, and behaviors, in addition to interacting with biological, psychological, and spiritual factors. A significant number of patients with colorectal cancer require ostomy, either permanent or temporary, as part of their treatment, which can impact both the quality of life and the sexuality of these women. Objective: This study aims to evaluate the impact of ostomy on the sexuality of women with colorectal cancer using the FSFI (Female Sexual Function Index) questionnaire and the Rosenberg Self-Esteem Scale. Additionally, a qualitative research study will be conducted through semi-structured interviews focusing on the impacts of ostomy on sexuality, exploring emotional, familial, and professional aspects. Method: This is a cross-sectional observational study of a series of cases, with a sample composed of women diagnosed with colorectal cancer who required an ostomy at some point between January 2016 and December 2021. Results: Women face a complex journey as they learn to live with an ostomy resulting from colorectal cancer. The results indicate that there seems to be no significant impact of ostomy on sexuality in this sample. However, a direct association was observed between self-esteem and sexual desire. The qualitative analysis reveals that, despite the initial feeling of aversion to the new bodily condition, women manage to find a new normalcy over time and with appropriate support. Emotional support provided by healthcare professionals offers a safe space for expressing concerns, while family support is vital for adaptation. Conclusion: The knowledge generated by this study may help healthcare professionals provide more comprehensive care to women with colorectal cancer who have undergone ostomy, assisting them in preserving their sexuality. Furthermore, the need for developing more comprehensive tools to assess populations where the absence of sexual activity is predominant is highlighted.