A 16mm de distância : os filmes de Zora Neale Hurston

Abstract

Concentro-me nesta tese a explorar questões sobre arquivo e filme etnográfico na produção da antropóloga afro-americana Zora Neale Hurston (1891-1960). O trabalho tem como principal material investigativo um conjunto de documentos fílmicos acervados na “Margaret Mead Audiovisual Collection”, da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Na coleção, há nove arquivos com filmagens feitas na Flórida entre 1927 e 1929 e seis produzidos na Carolina do Sul e na Geórgia entre abril e maio de 1940. Este acervo de filmagens e breves tentativas de montagem é pouco explorado em trabalhos que reconstituem a trajetória de Zora, haja vista a extensão das análises a respeito de sua produção literária que emergem a partir da segunda metade da década de 1970, quando a escritora Alice Walker revisita sua obra. Nesta pesquisa, o pouco conhecimento acerca dessas imagens, bem como sobre o trabalho de caráter etnográfico de Zora em sua totalidade, interage com a constatação de teóricas feministas sobre os obstáculos encontrados por mulheres nas ciências para manter e comunicar suas pesquisas. Nesse sentido, busco reunir e analisar a documentação fílmica da antropóloga à luz dos estudos no campo da Antropologia Visual, da História da Antropologia e dos estudos feministas.

In this thesis, my focus is on exploring issues related to archives and ethnographic film within the body of work of African American anthropologist Zora Neale Hurston (1891-1960). The main investigative materials for this study comprise a collection of film documents housed in the "Margaret Mead Audiovisual Collection" at the Library of Congress in the United States. Within this collection, there are nine files containing footage captured in Florida between 1927 and 1929, along with six films produced in South Carolina and Georgia between April and May 1940. This collection of footage, along with its brief attempts at editing, remains relatively unexplored in works that reconstruct Zora's trajectory, despite the extensive analyses focusing on her literary production that emerged in the latter half of the 1970s when writer Alice Walker revisited her work. In this research, the limited understanding of these images, coupled with the entirety of Zora's ethnographic work, intersects with the awareness raised by feminist theorists regarding the challenges faced by women in the sciences to preserve and communicate their research. Thus, I aim to compile and analyze the film documentation of the anthropologist within the framework of studies in Visual Anthropology, the History of Anthropology, and Feminist Theory.