Riqueza e abundância das serpentes da Reserva Biológica do Lami, RS

Abstract

A Reserva Biológica do Lami (30° 15' S; 51° 05' W) localiza-se no município de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. Poucos trabalhos foram desenvolvidos com répteis na RBL. Em relação às Serpentes existem apenas informações casuais que citam quatro espécies. Este trabalho teve por objetivo comparar a abundância relativa de Serpentes nas diferentes estações do ano e a diversidade nos diferentes ambientes. O estudo iniciou-se em novembro de 2002, e foi desenvolvido até novembro de 2003. A procura visual ativa foi o método empregado para a localização e captura das Serpentes. O esforço de captura de Serpentes foi medido em termos de horas totais de atividade de coleta. Para cada indivíduo capturado foram registrados: data e horário de captura, comprimento rostro-anal (cm), temperatura cloacal (°C), temperatura do ambiente (°C), ambiente ocupado e atividade. A abundância relativa para cada estação foi obtida calculando-se a proporção de indivíduos de cada espécie observada sobre o total de indivíduos registrados. Os dados obtidos para cada estação foram posteriormente comparados. Foi analisada a diversidade de espécies na RBL por ambiente. Para essa análise aplicou-se o Índice de Shannon-Wiener. Foram encontradas nove espécies, distribuídas nas quatro estações. Dentre as nove espécies encontradas, Philodryas olfersii foi a mais abundante no verão, outono e inverno, com uma abundância relativa de 40%, 28,6% e 100%, respectivamente. Helicops infrataniatus foi a mais abundante na primavera (66,67%), Considerando todo o período de amostragem, Phiodryas olfersii foi a espécie mais freqüente (52,2%), seguida por Helicops infrataeniatus (13%) e por Thamnodynastes sp. (8,7%). O índice de diversidade foi mais elevado na área de campo, seguida pela área de restinga e pelos corpos d'água. Por outro lado, a equitatividade nos mostra que existe dominância maior de uma espécie na restinga (Philodryas olfersii). Esta espécie parece utilizar tanto o ambiente terrestre quanto o arborícola. Utiliza áreas abertas e bordas de mata, podendo deslocar-se com agilidade tanto no chão como na vegetação, principalmente nas horas mais quentes do dia, no final da manhã e início da tarde. A temperatura corpórea dos animais capturados variou entre 24 e 30,6°C em todas as estações, já a temperatura do ambiente teve uma amplitude de variação maior (entre 20°C e 32°C). Phylodrias olfersii foi a única espécie registrada no inverno, indicando apresentar atividade durante todo o ano. A reserva mostrou-se um importante refúgio para as Serpentes e deve ser muito bem preservada, principalmente por ela se encontrar em uma área semi-urbanizada e ainda em processo de urbanização.