Vigilância popular em saúde : tecer práticas, compor territórios
Visualizar/abrir
Data
2024Autor
Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: A Vigilância Popular em Saúde tem sido constituída a partir de processos participativos territoriais que tem potencializado ações relacionadas à garantia dos direitos humanos universais e constitucionais à saúde, do ambiente ecologicamente equilibrado e da defesa da vida em todos os seus modos e sua pluralidade. Há experiências potentes, participativas, autônomas e construídas coletivamente de vigilância em vários cantos do Brasil. Essas experiências estão inspiradas em estratégias ...
Introdução: A Vigilância Popular em Saúde tem sido constituída a partir de processos participativos territoriais que tem potencializado ações relacionadas à garantia dos direitos humanos universais e constitucionais à saúde, do ambiente ecologicamente equilibrado e da defesa da vida em todos os seus modos e sua pluralidade. Há experiências potentes, participativas, autônomas e construídas coletivamente de vigilância em vários cantos do Brasil. Essas experiências estão inspiradas em estratégias pedagógicas da Educação Popular em Saúde que se implementam em diferentes contextos e produzem práticas e conceitos da Vigilância Popular em Saúde. Dessa maneira, essa tese teve como objetivo problematizar as práticas de Vigilância Popular em Saúde como comunicadoras de saberes populares ou contracondutas, em territórios específicos, no Brasil. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo cartográfica realizada junto ao Assentamento Santa Rita de Cássia II, Nova Santa Rita, Rio Grande do Sul e a TEIA de Educação Ambiental e Interação em Agrofloresta de Parintins, Amazonas. A produção dos dados foi realizada desde oficinas e atividades de campo em 2023 e 2024, com os registros via gravação de áudio, fotos, relatórios e diários de campo. A análise dos dados se deu via narrativas de inspiração cartográfica e autores do referencial teórico freireano e estudos foucaultianos. Foram respeitados todos os preceitos éticos que envolvem seres humanos com aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana pelo Parecer CAEE 47591021.9.0000.8145/2022. Resultados: O processo cartográfico junto às práticas de vigilância traz experiências de origem popular, desde a leitura da realidade, que convergem pela produção de vida e, sobretudo, pelo protagonismo popular que atravessa o impulsionar dessas ações. Nas práticas de Vigilância Popular há acompanhamento do ambiente e dos processos produtivos, como problematizações sobre o modo de vida e atividades de luta pela saúde, com foco no Bem Viver. Há um envolvimento, desde o protagonismo das pessoas, em descolonizar a saúde, com visibilidade às experiências das populações que se relacionam territorialmente, considerando seus saberes, práticas e culturas. Portanto, configuram-se em experiências de Vigilância Popular em Saúde que comunicam saberes populares para interagirem com outros saberes no cuidado com a vida. Saberes esses que não se fecham em si mesmos, mas se interrelacionam e podem produzir novas significações e novas compreensões no cuidado à saúde. Esse estudo demonstrou que as experiências baseadas em agroecologia, as ações populares e de movimentos que tenham no horizonte o Bem Viver e as experiências coletivas variadas de povos tradicionais são práticas que tensionam o modo de conduzir neoliberal, são práticas de contracondutas que promovem vida. Nesse sentido, a Vigilância Popular em Saúde é uma contraconduta de cooperação porque é a resistência viva que opera outros caminhos e possibilidades de cuidar, trabalhar, promover e viver saúde. Considerações: As práticas de Vigilância Popular em Saúde são constituídas por diversas narrativas, inspirações na educação popular, integração enquanto sujeitos/seres natureza, enquanto corpos territórios, numa sociabilidade para além do humano, com a compreensão que a existência é em conexão. O exercício de problematização das práticas de Vigilância Popular em Saúde indica que as ações de vigiar e de cuidar da saúde precisam partir das experiências territoriais e das relações vinculadas à realidade com protagonismo popular, pois possibilitam compreender o contexto e mobilizam para outros modos de vigiar/cuidar. ...
Abstract
Introduction: Popular Health Surveillance has been constituted from territorial participatory processes that have maximized actions related to the guarantee of the universal and constitutional human rights to health, an ecologically balanced environment, and the defense of life in all its forms and plurality. Powerful, participatory, autonomous, and collectively constructed surveillance experiences are found in different corners of Brazil. These experiences are inspired by Popular Health Educat ...
Introduction: Popular Health Surveillance has been constituted from territorial participatory processes that have maximized actions related to the guarantee of the universal and constitutional human rights to health, an ecologically balanced environment, and the defense of life in all its forms and plurality. Powerful, participatory, autonomous, and collectively constructed surveillance experiences are found in different corners of Brazil. These experiences are inspired by Popular Health Education pedagogical strategies that are implemented in different contexts and produce Popular Health Surveillance practices and concepts. Thus, this thesis objective to problematize Popular Health Surveillance practices as communicating popular knowledge or counterconducts in specific territories in Brazil. Methodology: This is a qualitative cartographic research carried out at Santa Rita de Cássia II Settlement, Nova Santa Rita, Rio Grande do Sul, and the TEIA of Environmental Education and Agroforestry Interaction in Parintins, Amazonas. Data production was carried out from workshops and field activities in 2023 and 2024, through audio recording, photos, reports, and field diaries. Data analysis took place via cartographically-inspired narratives and authors from the Freirean theoretical framework and Foucauldian studies. All ethical precepts involving human beings were respected, and approved by the Research Ethics Committee of the Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana, CAEE Opinion 47591021.9.0000.8145/2022. Results: The cartographic process together with surveillance practices bring about popular origin experiences based on reality reading, which converge through the production of life and, above all, through the popular protagonism that drives these actions. In Popular Surveillance practices, the environment and production processes are monitored, as problematizations about the way of life and actions in struggles for health, with a focus on Good Living. Through people’s protagonism, there is a drive for decolonizing health, granting visibility to the experiences of populations that interact territorially, considering their knowledge, practices and cultures. Therefore, they become Popular Health Surveillance experiences that communicate popular knowledge to interact with other knowledge forms in the care of life. Those are knowledge forms which are not closed in on themselves, but are interrelated and can produce new meanings and new understandings in health care. This study has demonstrated that experiences based on agroecology, popular actions, and movements that have Good Living on their horizon and the diverse collective experiences of traditional peoples are practices that tension the neoliberal way; they are counter-conduct practices that promote life. In this sense, Popular Health Surveillance is a counter-conduct of cooperation, as it is a living resistance that operates other paths and possibilities of caring, working, promoting, and experiencing health. Considerations: Popular Health Surveillance practices are comprised by different narratives, popular education inspirations, integration as nature subjects/beings, as territorial bodies, in a sociability beyond what is human, with an understanding that existence occurs in connection. The exercise of problematizing Popular Health Surveillance practices indicates that health surveillance and caring actions must start from territorial experiences and relationships linked to reality with popular protagonism, as they make it possible to understand the context and mobilize other ways of monitoring/surveil. ...
Resumen
Introducción: La Vigilancia Popular en Salud se ha formado a partir de procesos territoriales participativos que han impulsado acciones relacionadas con garantizar los derechos humanos universales y constitucionales a la salud, a un medio ambiente ecológicamente equilibrado y a la defensa de la vida en todas sus formas y pluralidad. Existen experiencias de vigilancia potentes, participativas, autónomas y construidas colectivamente en diversos rincones de Brasil. Estas experiencias se inspiran e ...
Introducción: La Vigilancia Popular en Salud se ha formado a partir de procesos territoriales participativos que han impulsado acciones relacionadas con garantizar los derechos humanos universales y constitucionales a la salud, a un medio ambiente ecológicamente equilibrado y a la defensa de la vida en todas sus formas y pluralidad. Existen experiencias de vigilancia potentes, participativas, autónomas y construidas colectivamente en diversos rincones de Brasil. Estas experiencias se inspiran en las estrategias pedagógicas de la Educación Popular en Salud, que se implementan en diferentes contextos y producen prácticas y conceptos de Vigilancia Popular en Salud. De esta forma, esta tesis tuvo como objetivo problematizar las prácticas de Vigilancia Popular de la Salud como comunicadoras de saberes populares o contraconductas en territorios específicos de Brasil. Metodología: Se trata de un estudio cualitativo cartográfico realizado en el Asentamiento Santa Rita de Cássia II, Nova Santa Rita, Rio Grande do Sul, y en el TEIA Educación Ambiental e Interacción en Agroforestería, Parintins, Amazonas. Los datos fueron producidos a partir de talleres y actividades de campo en 2023 y 2024, con grabaciones de audio, fotos, informes y diarios de campo. Los datos fueron analizados utilizando narrativas de inspiración cartográfica y autores del marco teórico freireano y estudios foucaltianos. Se respetaron todos los preceptos éticos relativos a los seres humanos, con la aprobación del Comité de Ética de Investigación del Hospital Distrital Gonzaga Mota Messejana (CAEE 47591021.9.0000.8145/2022). Resultados: El proceso cartográfico junto a las prácticas de vigilancia trae experiencias de origen popular, a partir de la lectura de la realidad, que convergen desde la producción de la vida y, sobre todo, a través del protagonismo popular que atraviesa el impulso de estas acciones. Las prácticas de Vigilancia Popular monitorean el medio ambiente y los procesos de producción, además de problematizar formas de vida y actividades de lucha por la salud, con foco en el Buen Vivir. Hay una implicación, desde el protagonismo popular, en la descolonización de la salud, con visibilidad para las experiencias de las poblaciones que se relacionan territorialmente, considerando sus saberes, prácticas y culturas. Por lo tanto, son experiencias de Vigilancia Popular de la Salud que comunican saberes populares para interactuar con otros saberes en el cuidado de la vida y de la salud. Estos saberes no se cierran en sí mismos, sino que se interrelacionan y pueden producir nuevos significados y nuevas comprensiones en el cuidado de la salud. Este estudio ha mostrado que las experiencias basadas en la agroecología, las acciones y movimientos populares que tienen como horizonte el Buen Vivir y las variadas experiencias colectivas de los pueblos tradicionales son prácticas que tienden hacia la forma neoliberal de conducir las cosas, son prácticas contraconductuales que promueven la vida. En este sentido, la Vigilancia Popular en Salud es una contraconducta de la cooperación porque es la resistencia viva que opera otros caminos y posibilidades de cuidar, trabajar, promover y vivir la salud. Consideraciones: Las prácticas de Vigilancia Popular de la Salud se componen de diversas narrativas, inspiraciones en la educación popular, integración como sujetos/seres de la naturaleza, como cuerpos territoriales, en una sociabilidad más allá de lo humano, con la comprensión de que la existencia está en conexión. El ejercicio de problematización de las prácticas de Vigilancia Popular en Salud indica que las acciones de monitoreo y cuidado de la salud necesitan partir de experiencias territoriales y de relaciones vinculadas a la realidad con protagonismo popular, pues posibilitan la comprensión del contexto y la movilización de otras formas de monitoreo/cuidado. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.
Coleções
-
Ciências da Saúde (9321)Enfermagem (649)
Este item está licenciado na Creative Commons License
