Abe Shinzo e Kishida Fumio : dois legados para a política externa do Japão?

Abstract

O presente trabalho tem como tema central as Políticas Externa e de Segurança do Japão, bem como as principais modificações destas no período entre 2012 e 2024, durante os governos de Abe Shinzo e Kishida Fumio. O estudo busca compreender a evolução da concepção de segurança do Japão nos anos recentes, levando em consideração a postura japonesa diante das situações de tensão no Leste Asiático e a relevância das ações japonesas nesse contexto. O objetivo geral da pesquisa, portanto, é investigar as principais modificações das Políticas de Defesa do Japão entre os anos de 2012 e 2024, delimitadas principalmente em seus documentos oficiais e ações internacionais. Diante disso, a pergunta que orienta o trabalho é: as modificações das Políticas de Defesa do Japão efetuadas nos governos de Abe Shinzo e Kishida Fumio representam uma nova doutrina de atuação internacional do país? Como hipótese inicial, é apresentada a ideia de que, a partir de 2012, as Políticas de Defesa do Japão se tornaram mais relevantes como parte da Política Externa do país. Dessa forma, ambos os governos de Abe e Kishida representam continuidades e uma doutrina comum no sentido de expandir as capacidades de defesa do Japão. Inicialmente, são apresentadas as linhas gerais da Política Externa japonesa no período entre 1945 e 2012 e suas relações com a segurança nacional. No segundo capítulo, são elencadas e analisadas as principais modificações de conteúdo dos documentos oficiais de defesa japoneses entre os anos de 2012 e 2024. A relação entre as Políticas de Defesa e o legado dos políticos destacados aqui é o enfoque do último capítulo. A partir desta pesquisa, concluiu-se que, apesar de manterem laços de continuidade importantes, as Políticas de Defesa de Abe e Kishida não representam a mesma doutrina. No caso de Abe, as reformas de defesa nacional se explicam pelo Realismo Defensivo de Waltz, realizadas em conjunto com uma Barganha Diplomática com a China. No caso de Kishida, as reformas se explicam pelo Realismo Ofensivo de Mearsheimer, com o intuito de dar ao Japão capacidades militares que permitam a execução de ataques contra o território de nações agressoras. Essas discrepâncias significam que os dois políticos representam legados distintos para a Política Externa do Japão e para a sua inserção internacional.

This paper has as its main theme the Foreign and Security Policies of Japan and their main modifications in the period between 2012 and 2024, during the Abe Shinzo and Kishida Fumio governments. This study aims to comprehend the evolution of Japan’s security conception in recent years, taking into account the Japanese posture regarding the situations of tension in East Asia and the relevance of the Japanese actions in this context. The general objective of the research is, therefore, to investigate the main modifications of the Defense Policies of Japan between 2012 and 2024, delimited mainly in its official documents and international actions. In light of this, the question that guides the paper is: do the modifications of Japan’s Defense Policies carried out in the governments of Abe Shinzo and Kishida Fumio represent a new doctrine of international action for the country? As an initial hypothesis, it is presented that, from 2012 onward, Japan’s Defence Policies became more relevant as part of the country’s Foreign Policy. That way, both Abe’s and Kishida’s governments would represent continuities and a common doctrine in the sense of expanding Japan’s defense capabilities. Initially, the general lines of Japanese Foreign Policy in the period from 1945 and 2012 and their relation to national security are presented. In the second chapter, the main changes of content in the Japanese official defense documents between 2012 and 2024 are identified and analysed. The relationship between the Defense Policies and the legacy of the politicians highlighted here are the focus of the last chapter. From this research, it is concluded that, in spite of maintaining strong ties of continuity, Abe’s and Kishida’s Defense Policies do not represent the same doctrine. Abe, the reforms in national defense are best explained by Waltz’ Defensive Realism, while they were made in conjunction with a Diplomatic Bargain with China. In the case of Kishida, the reforms are explained by Mearsheimer’s Offensive Realism, with the intent of giving Japan military capacities that allow the execution of attacks against the territory of aggressive nations. These discrepancies mean that both politicians represent distinct legacies for Japan’s Foreign Policy and its international insertion.