O estupro como arma de guerra contra as mulheres Tutsis no genocídio de 1994 em Ruanda

Abstract

Este trabalho analisa o uso do estupro como arma de guerra no genocídio de Ruanda, ocorrido entre abril e julho de 1994, sob a perspectiva feminista das Relações Internacionais. O genocídio, marcado por profundas divisões étnicas entre hutus e tutsis, foi intensificado por tensões históricas e políticas, fomentadas durante os períodos colonial e pós-colonial. O estudo investiga como a violência sexual foi sistematicamente planejada e utilizada como estratégia de aniquilação e subjugação das mulheres tutsis, explorando seus objetivos e impactos. Metodologicamente, recorre-se à análise histórica, revisão bibliográfica e exame de documentos e relatos de vítimas. O trabalho também avalia o papel da mídia na incitação ao ódio e na promoção da violência. Como conclusão, destaca-se que o genocídio em Ruanda transcendeu dimensões étnicas ao incorporar questões de gênero, refletindo estruturas patriarcais e misóginas exacerbadas pelo conflito. A pesquisa contribui para a compreensão da violência sexual como um instrumento de poder e controle em contextos de guerra, evidenciando a necessidade de abordagens críticas para seu enfrentamento.

This paper analyzes the use of rape as a weapon of war in the Rwandan genocide, which took place between April and July 1994, from a feminist perspective of International Relations. The genocide, marked by deep ethnic divisions between Hutus and Tutsis, was intensified by historical and political tensions fostered during the colonial and post-colonial periods. The study investigates how sexual violence was systematically planned and used as a strategy for the annihilation and subjugation of Tutsi women, exploring its objectives and impacts. Methodologically, the research draws on historical analysis, literature review, and examination of documents and victim testimonies. The paper also evaluates the role of the media in inciting hatred and promoting violence. In conclusion, it emphasizes that genocide in Rwanda transcended ethnic dimensions by incorporating gender issues, reflecting patriarchal and misogynistic structures exacerbated by the conflict. The research contributes to the understanding of sexual violence as an instrument of power and control in war contexts, highlighting the need for critical approaches to address it.