Comportamento político e dominação internacional : um debate sobre a cultura política em Porto Rico frente à hegemonia dos Estados Unidos da América

Abstract

O presente trabalho tem como tema o comportamento político dos porto-riquenhos frente à dominação dos Estados Unidos sobre Porto Rico. O caso de Porto Rico representa uma relação de dominação internacional no século XXI, o que motiva debates acerca do status político da ilha. Embora tal relação possa ser investigada a partir de diversos ângulos de análise, a perspectiva teórica da Cultura Política foi a escolhida, visto que fornece ferramentas para a compreensão do comportamento político da população, recorte pouco utilizado na área de Relações Internacionais. Considerando a problemática apresentada, o objetivo geral da pesquisa foi identificar, descrever e analisar, a partir do comportamento político em Porto Rico, o que pensam os porto-riquenhos sobre sua relação política com os EUA. Já os objetivos específicos foram: i) discutir teoricamente o conceito de dominação internacional e sua verificação empírica no caso de Porto Rico, ii) mapear as tendências de comportamento político dos porto-riquenhos quanto ao seu vínculo com os EUA, iii) identificar o comportamento político dominante e iv) buscar as bases para a sua explicação por meio da cultura política. A hipótese adotada é de que há na população porto-riquenha uma aderência aos valores hegemônicos, de modo que os porto-riquenhos não veem sua relação com os EUA como uma relação de dominação. Trata-se de uma pesquisa de métodos mistos, a partir de uma lógica hipotética-dedutiva. Para tanto, foram feitas a revisão bibliográfica sobre dominação internacional e cultura política – vista em Gramsci e Castro –, o mapeamento de tendências do comportamento político e a identificação do dominante através da análise de dados longitudinais. Para o avanço do trabalho, fez-se necessário a análise de dados da 7ª onda da Pesquisa Mundial de Valores (WVS). Como resultados, a pesquisa elaborou um contínuo das tendências comportamentais classificadas em 4 tipos: i) Estadidade, ii) Manutenção do status quo, iii) Livre Associação e iv) Independência, sendo que o primeiro demonstrou-se dominante. Outro resultado encontrado se refere à sustentação parcial da hipótese, visto que observou-se na cultura política de Porto Rico a absorção de valores hegemônicos. Contudo, resultados provindos da análise dos índices pós-materialista (Y002) e de valores emancipatórios de Welzel (RESEMAVAL) promoveu indicativos de que, apesar da criação de um consenso aos moldes daquele teorizado por Gramsci no seu conceito de Hegemonia, houve melhorias significativas nas condições de vida dos porto-riquenhos, conclusão que aponta para a insuficiência da hipótese na explicação integral do que pensam os porto-riquenhas quanto a sua relação política com os EUA.

El presente trabajo tiene como tema el comportamiento político de los puertorriqueños frente a la dominación de los Estados Unidos sobre Puerto Rico. El caso de Puerto Rico representa una relación de dominación internacional en el siglo XXI, lo que motiva debates sobre el estatus político de la isla. Aunque dicha relación se puede investigar desde diversos ángulos de análisis, se eligió la perspectiva teórica de la Cultura Política, ya que proporciona herramientas para comprender el comportamiento político de la población, un enfoque poco utilizado en el campo de las Relaciones Internacionales. Considerando la problemática planteada, el objetivo general de la investigación fue identificar, describir y analizar, a partir del comportamiento político en Puerto Rico, qué opinan los puertorriqueños sobre su relación política con los EEUU. Los objetivos específicos fueron: i) discutir teóricamente el concepto de dominación internacional y su verificación empírica en el caso de Puerto Rico, ii) mapear las tendencias del comportamiento político de los puertorriqueños respecto a su vínculo con los Estados Unidos, iii) identificar el comportamiento político dominante y iv) buscar las bases para su explicación a través de la cultura política. La hipótesis adoptada es que existe en la población puertorriqueña una adhesión a los valores hegemónicos, de modo que los puertorriqueños no perciben su relación con los EEUU como una relación de dominación. Se trata de una investigación de métodos mixtos, basada en una lógica hipotético-deductiva. Para ello, se realizó una revisión bibliográfica sobre dominación internacional y cultura política – vista en Gramsci y Castro –, el mapeo de tendencias del comportamiento político y la identificación del comportamiento dominante a través del análisis de datos longitudinales. Para el avance del trabajo, fue necesario analizar los datos de la séptima ola de la Encuesta Mundial de Valores (WVS). Como resultados, la investigación elaboró un continuo de tendencias comportamentales clasificadas en cuatro tipos: i) Estadidad, ii) Mantenimiento del Status Quo, iii) Libre Asociación e iv) Independencia, siendo el primero el que se demostró dominante. Otro resultado encontrado se refiere a la sustentación parcial de la hipótesis, desde que fue observado en la cultura política de Puerto Rico la absorción de valores hegemónicos. Sin embargo, resultados provenientes del análisis de los índices postmaterialista (Y002) y de valores emancipatorios de Welzel (RESEMAVAL) indicaron que, a pesar de la creación de un consenso en la línea del teorizado por Gramsci en su concepto de Hegemonía, hubo mejoras significativas en las condiciones de vida de los puertorriqueños, conclusión que señala la insuficiencia de la hipótesis para explicar en su totalidad lo que piensan los puertorriqueños sobre su relación política con los Estados Unidos.

The present study focuses on the political behavior of Puerto Ricans in relation to the United States' domination of Puerto Rico. The case of Puerto Rico represents an instance of international domination in the 21st century, sparking debates about the island's political status. While this relationship can be examined from various analytical perspectives, the theoretical framework of Political Culture was chosen, as it provides tools for understanding the political behavior of the population—an approach seldom used in the field of International Relations. Given this context, the general objective of the research was to identify, describe, and analyze Puerto Ricans' political behavior to understand their perceptions of their political relationship with the U.S. The specific objectives were: i) to theoretically discuss the concept of international domination and its empirical verification in the case of Puerto Rico, ii) to map trends in Puerto Rican political behavior regarding their ties with the U.S., iii) to identify the dominant political behavior, and iv) to seek the underlying explanations through political culture. The hypothesis adopted posits that there is an adherence among Puerto Ricans to hegemonic values, leading them to not perceive their relationship with the U.S. as one of domination. This is a mixed-methods research project following a hypothetical-deductive logic. To this end, the study involved a literature review on international domination and political culture – drawing on Gramsci and Castro –, mapping trends in political behavior, and identifying the dominant trend through longitudinal data analysis. The progress in the research required analyzing data from the 7th wave of the World Values Survey (WVS). The study's results include the development of a continuum of behavioral trends classified into four types: i) Statehood, ii) Maintenance of the status quo, iii) Free Association, and iv) Independence, with the first trend being dominant. Another result partially supports the hypothesis, as Puerto Rico’s political culture exhibits the absorption of hegemonic values. However, findings from the analysis of the post-materialist index (Y002) and Welzel’s emancipatory values (RESEMAVAL) suggest that despite the creation of a consensus akin to Gramsci’s concept of Hegemony, there have been significant improvements in the living conditions of Puerto Ricans. This conclusion highlights the insufficiency of the hypothesis in fully explaining Puerto Ricans’ perceptions of their political relationship with the U.S.