Avaliação ecográfica da musculatura diafragmática de crianças submetidas à ventilação mecânica no pós-operatório de cirurgia cardíaca
Visualizar/abrir
Data
2024Orientador
Nível acadêmico
Doutorado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: o processo de desmame da ventilação mecânica (VM) pode ser prolongado em até 25% dos casos. Dentre as causas que contribuem para esse processo, encontra-se a lesão diafragmática induzida pela ventilação. Essa condição pode ser avaliada através de ecografia da musculatura diafragmática à beira leito. Esses achados podem direcionar o processo de treinamento muscular e favorecer o aumento do sucesso na retirada da VM. Muitas crianças submetidas à cirurgia cardíaca necessitam de suporte ...
Introdução: o processo de desmame da ventilação mecânica (VM) pode ser prolongado em até 25% dos casos. Dentre as causas que contribuem para esse processo, encontra-se a lesão diafragmática induzida pela ventilação. Essa condição pode ser avaliada através de ecografia da musculatura diafragmática à beira leito. Esses achados podem direcionar o processo de treinamento muscular e favorecer o aumento do sucesso na retirada da VM. Muitas crianças submetidas à cirurgia cardíaca necessitam de suporte ventilatório durante a sua recuperação, ficando sujeitas a fatores que contribuem para retirada lenta da VM. Nesse contexto, a avaliação da musculatura diafragmática, através da verificação da fração de espessura, pode ser uma ferramenta importante no direcionamento para o momento ideal de extubação. Objetivos: avaliar a função e a espessura diafragmática em paciente submetidos à VM no pós-operatório de cirurgia cardíaca, bem como verificar a capacidade preditiva do sucesso de extubação através da aferição da fração de espessura diafragmática. Metodologia: foi realizado um estudo de coorte prospectivo para avaliação da musculatura diafragmática de pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca de abril a novembro de 2022. Os pacientes foram avaliados por ultrassom em quatro momentos: pré-operatório, pós-operatório imediato (0 a 24h), pós-operatório tardio (48 a 72h) e no dia da extubação. Nesse último momento, além da verificação da espessura inspiratória e expiratória da musculatura diafragmática, também foram aferidas a excursão diafragmática e a pressão inspiratória máxima (Pimáx) após 30 minutos de teste de respiração espontânea. Resultados: foram incluídas 50 crianças submetidas a cirurgias cardíacas que preenchiam os critérios de inclusão. Identificamos uma alta prevalência de atrofia diafragmática (56%), com maior incidência em pacientes com VM prolongada (>7 dias). A espessura diafragmática diminuiu ao longo do tempo de internação. Nessa amostra, não identificamos associação entre atrofia com maior tempo de VM ou maior taxa de falha de extubação. A análise multivariada identificou a Pimáx como preditor independente do sucesso da extubação. Por outro lado, a fração de espessura diafragmática apresentou relação inversa com sucesso de extubação, porém, sem significância estatística com OR 0,93 (IC 0,87–0,98; p=0,23). Conclusões: a avaliação do diafragma pelo ultrassom à beira leito é de fácil realização, minimamente invasiva, e vem se mostrando uma ferramenta promissora. No presente estudo, a avaliação ultrassonográfica do diafragma permitiu identificar a alta prevalência de atrofia diafragmática em pacientes pediátricos em ventilação mecânica no pós-operatório de cirurgia cardíaca, enquanto a fração de espessura diafragmática não foi preditora de extubação na população estudada. ...
Abstract
Introduction: The weaning process from mechanical ventilation (MV) can be prolonged in up to 25% of cases. Among the causes that contribute to this process is ventilation-induced diaphragmatic injury. This condition can be assessed by bedside ultrasound of the diaphragmatic musculature. These findings can guide the muscle training process and favor greater success in weaning from MV. Many children undergoing cardiac surgery require ventilatory support during their recovery, are subject to facto ...
Introduction: The weaning process from mechanical ventilation (MV) can be prolonged in up to 25% of cases. Among the causes that contribute to this process is ventilation-induced diaphragmatic injury. This condition can be assessed by bedside ultrasound of the diaphragmatic musculature. These findings can guide the muscle training process and favor greater success in weaning from MV. Many children undergoing cardiac surgery require ventilatory support during their recovery, are subject to factors that contribute to slow weaning from MV, and assessment of the diaphragmatic musculature by verifying the thickness fraction may be an important tool in directing the ideal time for extubation. Objectives: To evaluate diaphragmatic function and thickness in patients undergoing MV in the postoperative period of cardiac surgery, as well as to verify the predictive capacity of extubation success through the measurement of diaphragmatic thickness fraction. Methodology: A prospective cohort study was conducted to evaluate the diaphragmatic musculature of patients in the postoperative period of cardiac surgery from April to November 2022. Patients were assessed by ultrasound at four time points: preoperatively, immediately postoperatively (0-24h), late postoperatively (48-72h), and on the day of extubation, when, in addition to verifying the inspiratory and expiratory thickness of the diaphragmatic musculature, diaphragmatic excursion and maximum inspiratory pressure (MIP) were also measured after 30 minutes of spontaneous breathing trial. Results: A total of 50 children who underwent cardiac surgery and met the inclusion criteria were included. A high prevalence of diaphragmatic atrophy (56%) was identified, with a higher incidence in patients with prolonged mechanical ventilation (>7 days). Diaphragmatic thickness decreased over time of hospitalization. In this sample, no association was found between atrophy and longer ventilation time or higher extubation failure rate. Multivariate analysis identified Pimax as an independent predictor of successful extubation. On the other hand, the diaphragmatic thickness fraction showed an inverse relationship with successful extubation, although not statistically significant with OR 0.93 (95% CI 0.87-0.98; p=0.23). Conclusions: Bedside ultrasound assessment of the diaphragm is easy to perform, minimally invasive, and has proven to be a promising tool. In the present study, ultrasound assessment of the diaphragm allowed the detection of a hight prevalence of diaphragmatic atrophy in pediatric patients on mechanical ventilation in the postoperative period of cardiac surgery, while the diaphragmatic thickness fraction was not a predictor of extubation in the studied population. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente.
Coleções
-
Ciências da Saúde (9337)Pediatria (606)
Este item está licenciado na Creative Commons License
