Escrevivências sociológicas : experiências da mulheridade negra no ensino-aprendizagem de Sociologia na Educação Básica

Abstract

Este Trabalho de Conclusão de Licenciatura investigou os desafios de se ensinar conteúdos que interseccionam raça e gênero na Sociologia da Educação Básica tendo em vista a implementação da Lei 10.639/2003. A pesquisa teve como centralidade a experiência vivida de uma professora negra formada em Ciências Sociais, mestra e doutoranda em Sociologia, que tem sua vivência profundamente marcada por raça e gênero ao se movimentar pelo mundo como o conhecemos. O trabalho mobilizou uma discussão acerca do ensino de Sociologia fundamentado no pensamento feminista negro e nas contribuições de intelectuais negras no contexto da América Latina (Améfrica Ladina), para refletir sobre ensino de Sociologia engajado e a necessidade de conteúdo sociológico que dialoga com as realidades dos/as estudantes, identificando a intersecção de raça e gênero como fundamentais para pensar em um ensino significativo pautado nas práticas cotidianas. Metodologicamente a pesquisa contou com a realização de uma entrevista narrativa biográfica para entender, relacionar e escreviver as experiências incorporadas a partir de quem se é, mulher negra. Com o intuito de compreender os desafios e esforços para o ensino de Sociologia que intersecciona raça e gênero na experiência da mulheridade negra, a escrevivência emergiu como possibilidade de concretizar escrita e vivência que marca a autoria de mulheres negras na produção acadêmica. Por fim, se constatou que os desafios e enfrentamentos para se ensinar Sociologia na Educação Básica, enquanto mulher negra, perpassam o corpo, subjetividade, forma de estar no mundo e até sua validação ou não enquanto agente do conhecimento, credibilidade ou falta dela na relação da disciplina com o contexto escolar. Assim, tendo em vista a lógica racista que ainda media os espaços escolares e de conhecimento de um modo geral, conclui-se que são necessárias mudanças de paradigmas, rupturas epistemológicas e

This undergraduate thesis investigates the challenges of teaching Sociology content that addresses the intersections of race and gender in Basic Education, within the framework of Law 10.639/2003. The research centers on the lived experiences of a Black educator with a degree in Social Sciences, as well as a master’s and a doctorate in Sociology, whose journey is profoundly shaped by the intersections of race and gender within the context of the world as we know it. This work initiates a discussion on teaching Sociology through the lens of Black feminist thought and the contributions of Black intellectuals in the Latin American context (Améfrica Ladina). It explores the concept of engaged Sociology teaching, emphasizing the importance of sociological content that resonates with and reflects students' lived realities. By identifying the intersection of race and gender as central, the study advocates for meaningful teaching grounded in everyday practices. Methodologically, the research employed a biographical narrative interview to understand, connect with, and document the experiences that shape the identity of a Black woman. To explore the challenges and efforts of teaching Sociology at the intersection of race and gender in Black women's experiences, writing-living (escrevivência) emerged as a means to strengthen the bond between writing and lived experience, highlighting the authorship of Black women in academic production. Finally, it was observed that the challenges and confrontations of teaching Sociology in Basic Education, as a Black woman, are deeply intertwined with her body, subjectivity, mode of existence in the world, and even her recognition as a knowledge producer. These challenges extend to her credibility—or the lack thereof—when integrating the discipline into the school context. Thus, considering the persistent influence of racist logic in school spaces and knowledge systems more broadly, it is concluded that paradigm shifts, e