Percepções do corpo e do invisível : uma decupagem de possibilidades para um cine em transe

Abstract

Partindo de um interesse em articular discussões entre o campo da arte e da antropologia, esta pesquisa nasce do desejo de compreender como a produção textual-imagética da cineasta Maya Deren, constroi uma narrativa etnográfica experimental através de sua aproximação com o fazer artístico. Busca-se explorar o movimento corporal em diálogo com a câmera, de uma etnografia corporificada, entre um corpo que dança e o aparato técnico que o registra. Junto disso, apresentar as estratégias articuladas pela artista no registro das danças rituais e celebrações do vodu haitiano, e a articulação deste trabalho etnográfico com suas outras produções. Reflexões da antropologia da performance (Dawsey, 2007; Phelan, 2003; Turner, 1987), em diálogo com antropologia visual e o conceito de cine-transe de Jean Rouch (1975) serão importantes para este trabalho. O objetivo é refletir a importância que o estudo de Maya Deren da técnica e da forma no filme, tiveram para na sua filmagem (David Macdougall, 1998; Grimshaw, 2015). Seus filmes, seu movimento de câmera característico e suas ideias (textos e diários pessoais) sobre cinema e arte são os objetos de análise deste trabalho. Assim, discuto a performance corporal enquanto metodologia artístico-etnográfica, tanto da perspectiva do campo antropológico quanto de fazer uma prática corporificada enquanto antropóloga.