“Não era uma missão cumprida, era uma metade” : um olhar para a experiência potencialmente traumática de mães de bebês prematuros

Abstract

O bebê pré-termo é aquele com idade gestacional menor ou igual a 37 semanas. Ele difere do bebê idealizado, requer cuidados intensivos e internação hospitalar, e está mais sujeito a intercorrências no seu desenvolvimento. Assim, o nascimento prematuro pode agregar dificuldades também para a constituição da relação mãe-bebê. Nesse sentido, o presente estudo teve por objetivo investigar a experiência potencialmente traumática de mães de bebês prematuros, na gravidez e no pós-parto. Trata-se de um estudo qualitativo com delineamento de casos múltiplos, em que participaram três mães de bebês prematuros para os quais foi necessária a internação em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). As mães foram entrevistadas e os dados foram submetidos a uma análise temática indutiva, com o auxílio do software NVivo. Com base nos relatos maternos, foram gerados três temas: Descontinuidade e suspensão da vivência espaço-temporal, Entraves no vir-a-ser mãe e Uso de Mecanismos de Defesa pelas Mães. Os resultados revelaram que o contexto da prematuridade expôs as mães a experiências potencialmente traumáticas, gerando muita angústia. Frente a isso, o uso de mecanismos de defesa constituiu uma alternativa psíquica para lidar com essas situações. No entanto, cada mãe esteve suscetível ao trauma de modo único, merecendo um olhar particularizado. Nesse sentido, destaca-se a importância de disponibilizar às mães, uma escuta sensível e acompanhamento psicológico, que lhes dêem apoio e atendam às suas necessidades, o que terá repercussões na relação mãe-bebê e no desenvolvimento do bebê.